
Quando escreveu a crônica bem-humorada “Como as mulheres mudaram o mundo”, o escritor Luís Fernando Verissimo não citou conta bancária. Na conversa de pai para filho, no ano 2031, fez graça sobre o caminho que a mulher tomou até chegar a cargos estratégicos: “diretoras, empresárias, chefes de gabinete, gerentes disso e aquilo”. Não fosse poeta, e sim economista, Verissimo certamente teria falado em cifras, cada vez mais nas mãos femininas.
Hoje, juntas, as mulheres do planeta somam renda de US$ 13 trilhões. Daqui a cinco anos serão US$ 18 trilhões – quase o dobro do crescimento esperado para o PIB da China e da Índia combinados, segundo o estudo da multinacional Ernst & Young.
Isso também é realidade no Brasil. Nos últimos 10 anos, a massa de renda das brasileiras avançou 83%, contra 45% dos brasileiros. De 2003 a 2013, o ganho delas saltou de R$ 602 bilhões para R$ 1,1 trilhão, encostando nos rendimentos dos homens (R$ 1,6 trilhão). No mesmo período, um exército de mais de 11 milhões de mulheres do país passaram a integrar o mercado de trabalho.
“O aumento das carteiras assinadas para elas foi de 162%, o que possibilitou investir em estudos e melhores oportunidades para contribuir com a renda familiar”, explica Renato Meirelles, sócio do instituto de pesquisa Data Popular.
Aos 28 anos, a engenheira Paula Mundim já é uma profissional de sucesso. Sob sua gerência no canteiro de obras, estão 25 trabalhadores do sexo masculino. “Pretendo ser diretora ou, quem sabe, até sócia da construtora”, planeja. Funcionária na linha de produção de caminhões da Iveco, Gleisiane Cardoso, 24, também faz planos. “Sonho cursar faculdade de engenharia e crescer na profissão”, revela.