Renovada para o Move, Praça Rio Branco vira lar de moradores de rua

Sara Lira - Hoje em Dia
14/11/2014 às 08:05.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:00
 (Hoje em Dia )

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Comerciantes do entorno da Praça Rio Branco – ou da Rodoviária –, no Centro de Belo Horizonte, lamentam a deterioração do espaço em um período de tempo tão curto. Reformado no início do ano para receber o BRT/Move, o local fica constantemente sujo. Moradores de rua deixam ali, espalhados pelo chão, objetos pessoais e ainda utilizam o espaço como banheiro.   Ao lamentar a desordem e o sumiço da clientela, comerciantes culpam a degradação da praça, que será o cartão de visitas do futuro centro administrativo do município – a ser construído onde hoje é o estacionamento da rodoviária.   “Alguns urinam na porta e deixam tudo sujo”, conta o gerente de uma farmácia vizinha, que preferiu não ter o nome divulgado.   O proprietário de uma loja de CDs, na rua Acre, anuncia o fim das atividades ainda neste ano. “A presença dos moradores de rua afastou meus clientes, que ficam com medo. Tenho apenas prejuízo”, afirma Antônio Gomes, que mantém o estabelecimento há 15 anos.   Segundo o vice-presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-BH), Anderson Rocha, a reclamação de Antônio não é incomum. “Nesses locais onde há grande número de moradores de rua, cria-se um ambiente de insegurança. A percepção do consumidor é não frequentar”, diz.   Coordenadora do Comitê de Políticas para a População de Rua, órgão da prefeitura, Soraya Romina explica que equipes de psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais abordam os moradores oferecendo abrigo em casas de acolhimento.    Porém, esse tipo de auxílio nem sempre é aceito com bons olhos. “O técnico aborda e diz que ele pode dormir no abrigo, por exemplo. Se falar que não quer ir, nós não podemos tirá-lo à força”, destaca.   ALTERNATIVA   Uma solução apontada por especialistas seria qualificar e empregar que está vulnerável. De acordo com o 3º Censo de População em Situação de Rua, divulgado em abril, 94% dos entrevistados manifestou desejo de sair das ruas. Desse total, 70% gostaria de ter um emprego.    “Mas ainda há muito preconceito”, diz o coordenador do censo, Frederico Garcia. “Se houvesse mais conscientização por parte do empresariado, seria mais fácil. Existe a possibilidade de reinserção, porque é uma população que pode se tornar economicamente ativa”.   A educadora social da Pastoral de Rua, Claudenice Lopes, conta que a instituição desenvolve ações no entorno da rodoviária. O grupo tenta criar um vínculo para obter a confiança dos moradores. “É uma região de grande rotatividade de pessoas, e estamos em uma fase de aproximação. Fazemos oficinas e incentivamos cuidados com a saúde”.

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