Restam só 4% de Mata Atlântica no rio doce

Ana Lúcia Gonçalves - Do Hoje em Dia
25/11/2012 às 11:02.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:35
 (Leonardo Morais)

(Leonardo Morais)

GOVERNADOR VALADARES – Altas temperaturas, escassez de água nos mananciais e floração de cianobactérias no rio Doce reacenderam os debates sobre os problemas ambientais e o fim da Mata Atlântica em Governador Valadares, Leste do Estado. Restam apenas 4% de floresta nos 83.500 km² da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (BHRD), originalmente formada por Mata Atlântica. Percentual semelhante (4%) fica em Valadares. A destruição foi gradativa. No entanto, parcela maior é atribuída aos pioneiros que puseram fogo nas matas para formar pastos. O ambientalista Henrique Lobo, que há 32 anos estuda a BHRD, assegura que mais de 60% da floresta foram queimados para esse fim.   O restante virou carvão vegetal, lenha e matéria-prima da indústria moveleira. A madeira do Vale do Rio Doce também foi exportada para a Europa e está presente nas construções de cidades como Ouro Preto e Mariana, Rio de Janeiro e Brasília.    “Nessa região existiu uma floresta cuja biodiversidade foi considerada a maior de espécies madeireiras que a Terra já viu”, assegura Lobo. No Médio Rio Doce, a floresta era de domínio atlântico, com 10 mil anos, chamada de estacionária.   Eldorado   Mesmo com a descoberta e exploração do ouro no Brasil, entre 1695 e 1850, a floresta permaneceu intacta. Mas, no início dos anos 1900, com a chegada de desbravadores e da ferrovia, muita coisa mudou. O sucesso da pecuária levou moradores dos grandes centros a querer uma propriedade rural no município, que, por volta de 1950, com o Vale do Rio Doce, se tornou o grande eldorado do Brasil.    “A floresta foi trocada pelo verbo ignorar, que significa falta de conhecimento; depois, pelo poder econômico”, enfatiza Lobo. “Hoje, 80% da BHRD é de pastagens degradadas”. Para Lobo, a APA do Pico da Ibituruna, com 200 hectares, é a mais expressiva.

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