Restauração de Sobrado da rua Sapucaí é mais um presente para a memória de Belo Horizonte

Igor Patrick
ipsilva@hojeemdia.com.br
28/10/2016 às 21:55.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:26
 (WESLEY RODRIGUES)

(WESLEY RODRIGUES)

Erguido na época de construção da nova metrópole, o sobrado do número 127 da rua Sapucaí, no Floresta, região Leste de BH, dá os primeiros sinais da aguardada restauração. Parte da pintura da fachada está pronta e, no interior do centenário imóvel, detalhes originais voltam a ganhar forma.

O cenário é bem diferente daquele encontrado em 2012, quando a reforma foi iniciada. Há quatro anos, a casa estava bastante pichada e com o reboco destruído. Banheiros estavam danificados, portões enferrujados e o piso do jardim deteriorado.

O único imóvel da rua que ainda preserva as características originais do século XIX é tombado e foi adquirido pela presidente do Instituto Flávio Gutierrez, a empresária mineira Ângela Gutierrez.

Uma parceria com o projeto Valor Social, que forma jovens carentes para o trabalho de assistentes de restauração, recuperou vários espaços. Detalhes antigos das calhas foram feitos sob demanda. O piso do jardim teve de ser refeito em Sete Lagoas, na região Central do Estado, para conservar as características originais, enquanto a cerâmica com o desenho da época foi recuperada.

Ângela, que já é responsável pelo acervo do Museu de Artes e Ofícios na Praça da Estação, diz ter encontrado uma história rica na propriedade. Pinturas originais foram redescobertas por trás de grossas camadas de tinta na fachada do segundo andar. “É uma verdadeira joia. À medida que a restauração andava, íamos encontrando uma preciosidade diferente, os detalhes, uma maravilha”. 

A ideia inicial era transformar o local na nova sede do Instituto, mas Ângela admite que ficou tão encantada com o que viu que não vai ter coragem de perfurar as paredes e instalar materiais de escritório. 

Por lá, já trabalham cerca de cinco pessoas da parte administrativa, mas o destino do segundo andar do sobrado ainda é guardado a sete chaves. A empresária, porém, adianta: quer abrir o imóvel para a população. 

“Eu me sinto muito realizada em devolver esse patrimônio para as pessoas, mesmo com toda a dificuldade que é realizar uma obra dessas”, conta.WESLEY RODRIGUES

RESTAURO – Detalhes que preservam as características originais do século XIX foram recuperados 

Negociação

A continuidade das obras no segundo andar da fachada ainda segue indefinida. Segundo Ângela, a fiação de rede elétrica, além de poluir visualmente o espaço, impede a instalação de andaimes para o trabalho de restauro.

Conforme a proprietária, há três anos o Instituto tenta um acordo para enterrar os fios. “Cheguei a conversar com a própria presidência da Cemig, mas eles só oferecem o afastamento dos fios. Não consideramos isso suficiente”.

Em nota, a Cemig informou que já esteve no local em 3 de junho e constatou que não há necessidade de afastamento da rede, pois a distância seria segura para instalação de um andaime de até um metro de largura com a tela de proteção. A companhia disse que visitaria a obra novamente, na última sexta-feira, para prestar outras informações aos gestores.

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