Restaurado, Órgão de 1920 voltará à ativa hoje à noite, na Grande BH; ouça

Malú Damázio
11/09/2019 às 19:45.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:31
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

Quase um século de história foi preservado com a restauração de um órgão musical de origem inglesa, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Hoje, a melodia do instrumento de tubos, utilizado principalmente em cerimônias religiosas, poderá ser ouvida pela primeira vez em 30 anos, em um recital aberto ao público na Paróquia São João Batista, às 19h30.

 A força do tempo e a falta de conservação fizeram com que o equipamento da década de 1920, tombado como patrimônio do município, deixasse de emitir sons. A ideia do restauro veio durante uma limpeza na igreja, em 2011. “Resolvi aspirar alguns tubos para tirar o pó, quando ele deu sinais de vida, começou a fazer uns barulhos. Então, pensamos em um modo de viabilizar a reforma”, conta a reverenda Meriglei Borges Silva Simim, de 52 anos.

O projeto teve custo de R$ 130 mil e foi executado com recursos da Lei Rouanet e apoio das empresas AngloGold Ashanti, Serabi Gold e Instituto Ipoema. Composto por 168 flautas de metal e madeira, e construído em cedro-vermelho e carvalho, ele foi restaurado em dois meses pelo organeiro Ricardo Clerice. Partes destruídas por cupins foram recuperadas.

“Há uma importância histórica, artística, musical e social com a restauração, pois, no país, a maioria deles (dos órgãos) está ‘calada’. Em Minas, o zelo e a ação das pessoas são animadores: temos cuidadores e quem use”Antônio Olímpio Nogueira, de 60 anos. Um dos cinco Organistas que se apresentam hoje no recital em Nova Lima

Doado pela companhia São João del-Rei à Igreja Anglicana em Nova Lima, a joia musical chegou às terras mineiras em 1933. Ela foi produzida pela Positive Organ Company, empresa inglesa que comercializava “órgãos portáteis robustos a baixo custo, capazes de suprir a necessidade de instrumentos maiores”, como explica o restaurador. “No fim do século 19 e início do 20, eles eram vendidos para municípios rurais no interior da Inglaterra para serem utilizados em cerimônias religiosas”, diz.

Ricardo Clerice lembra que cada órgão costuma ser único e projetado para um determinado tipo de uso. Ele estima que existam cerca de 400 instrumentos no Brasil, concentrados principalmente nas regiões Sul e Sudeste. A maioria é pensada para acompanhamento de cultos, mas existem também os destinados a apresentações artísticas, além dos órgãos sinfônicos, capazes de executar diversos repertórios.

Atrativo

Com a reparação, o órgão de Nova Lima será utilizado nas celebrações da igreja e recitais abertos ao público. A reverenda Meriglei Borges afirma que a instituição estuda a possibilidade de fazer concertos mensais, justamente para incentivar a comunidade a se interessar pelo ofício. Se apresentam hoje à noite cinco organistas.

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