Restrição no atendimento e até risco de falta de remédios causam apreensão

Ana Lúcia Gonçalves - Hoje em Dia
30/09/2015 às 07:01.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:54
 (Leonardo Morais)

(Leonardo Morais)

GOVERNADOR VALADARES – A vida do pedreiro Celso Martins Magalhães, de 61 anos, não tem sido fácil. Desde que descobriu um câncer de próstata em 2009, ele tem se virado como pode para ajustar as despesas de casa e do tratamento ao pouco que ganha fazendo “bicos” na vizinhança. Nem sempre consegue. Mas reconhece que a situação poderia estar muito pior não fosse a gratuidade, agora ameaçada, de alguns medicamentos que usa e são fornecidos pelo governo federal.

Mesmo em cidades como Governador Valadares, que têm unidade própria do Farmácia Popular, o serviço pode ser prejudicado pela redução no repasse de recursos. Existe o risco de faltar remédios. “Pensei que minha situação não poderia piorar, mas vejo que pode. Não tenho dinheiro para comprar remédio e, se tiver de fazer isso, não sei o que vai ser”, desabafou.

O pedreiro ainda não conseguiu se aposentar nem receber auxílio doença, embora tenha tentado reiteradas vezes os benefícios ao longo dos últimos seis anos. Por meio do programa, recebe Losartana, para controle da pressão, e o diurético Hidroclorotiazida.

O Bicalutamida para o tratamento do câncer também é de graça no Núcleo de Especialistas em Oncologia (NEO), onde faz o tratamento. “Se a corrupção e os desvios de dinheiro público fossem menores, o governo federal não precisaria cortar dinheiro de áreas tão importantes. Isso é revoltante”, desabafa Magalhães.

Também temerosa com o fim da gratuidade dos medicamentos, a dona de casa Isabel Soares, de 53 anos, esteve na terça-feira (29) na Farmácia Popular de Valadares para buscar remédios para controle da pressão e antidepressivos. Pelo primeiro, não pagou nada e, pelo segundo, R$ 3,40. “Não trabalho fora e meu marido é aposentado. Essa gratuidade é importante, me ajuda muito e não pode ser suspensa. Que tirem dinheiro de outras áreas”.

PROPORÇÃO

Segundo a gerente de uma rede de farmácias em Valadares (ela não quis ser identificada), 5% das vendas estão relacionadas aos consumidores que utilizam o benefício do programa “Aqui tem Farmácia Popular” e, desse total, 92% não pagam nada pelos medicamentos.

1.500 pessoas são atendidas diariamente pelo programa em Valadares

Prefeitura de Valadares garante entrega de medicamentos mesmo com fim de parceria

A coordenadora da Assistência Farmacêutica de Governador Valadares, Melise Rocha Bragança, informa que, como é o município que fornece os medicamentos ao Farmácia Popular da cidade, o programa terá condições de absorver a demanda extra que vier a surgir. “Com o possível fim da parceria do “Aqui Tem Farmácia Popular”, conseguiremos atender a demanda da população”.

OPÇÕES

Além da policlínica, o município fornece medicamentos em mais nove pontos da cidade. São as “farmácias distritais” localizadas em unidades de saúde nos bairros Esperança, São Pedro, São Paulo, Jardim Pérola, Santa Rita, Mãe de Deus, São Raimundo, Novo Horizonte e Altinópolis.

O município atende a 1.500 usuários/dia, beneficiados com medicamentos grátis na rede básica e nos centros de referência.
 

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