Retomada segura da atividade econômica depende de mais testes para Covid, avalia professora da UFMG

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
29/04/2020 às 10:34.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:23
 (Pixabay)

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O governo estadual acertou no planejamento cuidadoso e coordenado da reativação da atividade econômica, por meio do programa Minas Consciente. Porém, o número de testes de Covid-19 está aquém do necessário para garantir a retomada com segurança. A constatação é da professora da Faculdade de Medicina da UFMG Cristina Alvim.

Ela participou de uma reunião na Assembleia Legislativa (ALMG), na manhã desta quarta-feira (29), que também contou com a participação do secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral. Os dois estavam presencialmente na Assembleia, enquanto os deputados participavam virtualmente com considerações e perguntas. 

Presidente do Comitê Permanente de Acompanhamento das Ações de Prevenção e Enfrentamento do Novo Coronavírus, Cristina Alvim afirmou que “flexibilizar no escuro exige cautela extrema”. Para ela, as autoridades de saúde locais devem recuar na reabertura do comércio, caso haja aumento de infectados por Covid-19 em sete ou oito dias.

A docente mostrou, por meio de gráficos, que foi correto adotar o isolamento social antes de ocorrer uma grande transmissão do vírus no Estado. Mas reforçou, em seguida, a necessidade de investimentos nos testes do novo coronavírus.

Para ela, é possível ampliar a testagem e a UFMG está a postos para contribuir. A especialista destacou que o custo dessas análises em massa é menor do que o de leitos de terapia intensiva.

Notificações
Segundo a professora da UFMG, há transparência nos dados apresentados em Minas. Conforme o último boletim, divulgado nesta quarta-feira (29), são 81 mil casos suspeitos.

“Esses números são a ponta do iceberg, mas podemos ver o iceberg através de metodologias adequadas, se a amostragem for significativa. Se verificar os casos notificados e descartados, verá que não chega a 10%. Isso nos mostra que a amostragem não é representativa para realizar modelos matemáticos que possam indicar o avanço da epidemia”, explicou a professora.

Ainda sobre as mudanças no isolamento social, a docente lembrou o exemplo da Alemanha, país onde houve grande número de infectados, mas baixa letalidade. Segundo ela, por lá, poucos dias após o início da flexibilização, mesmo com medidas rigorosas de monitoramento, já houve aumento na taxa de transmissão do vírus.

Amostragem
O secretário Carlos Eduardo Amaral falou sobre a realização de testes para o novo coronavírus. Segundo ele, cerca de 10 mil foram feitos no Estado e, aproximadamente, 3,5% dos exames tiveram resultado positivo. Por amostragem, o Estado estima que essa porcentagem pode ser aplicada aos casos suspeitos.

“Claro que testar mais é o ideal, mas deve ser feito dentro da realidade”, afirmou o secretário, acrescentando que a SES tem um projeto com a UFMG para a realização, no futuro, de testes rápidos.

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