Revitalização da Bernardo Monteiro está prevista para começar no fim de 2020

Lucas Eduardo Soares
23/12/2019 às 08:25.
Atualizado em 05/09/2021 às 23:07
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Árvores frondosas, que desde os primórdios da capital cobriram a Bernardo Monteiro e encantaram quem passava pelo local, podem voltar a ocupar a área. Até o fim de 2020, a prefeitura prevê o início da revitalização nos três quarteirões da avenida, entre a Alfredo Balena e Brasil, no Santa Efigênia, Centro-Sul de BH. A ideia é dar um novo ar para a via, que há sete anos viu os fícus que embelezavam o espaço serem devastados pela mosca-branca

A reforma do trecho, que tem o título de patrimônio da cidade, será possível por meio de um concurso público nacional lançado recentemente pelo Executivo. O vencedor terá que propor obras para calçadas e mobiliários, inclusive instalação de brinquedos e bancos, e incluir, no mínimo, duas espécies de árvores diferentes das que antes foram plantadas por lá.

“Não pode ser fícus, pois não há garantia de que aquela praga foi totalmente vencida. Mas vamos retornar com exemplares de grande porte para fazer a mesma ambiência”, garantiu a diretora de Gestão Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), Márcia Mourão.

Essa é a segunda tentativa de um concurso propondo intervenções na Bernardo Monteiro. A primeira, em 2018, não vingou porque as cinco propostas inscritas apresentaram problemas, como falta de documentação exigida no certame.

Otimismo

Dessa vez, as expectativas para que os trabalhos deem certo são bem otimistas, afirma Márcia Mourão. Ela destaca que o valor do prêmio para o vencedor subiu de R$ 100 mil para R$ 150 mil. Já o recurso para a realização das obras, a serem licitadas pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) dobrou e, agora, é de R$ 1 milhão.


A verba total está assegurada pelo Fundo Municipal de Defesa Ambiental, gerido pela SMMA. Conselheira do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Rose Guedes considera o edital atrativo. “Além disso, é uma chance de qualificar um espaço público que tem sofrido muito”.

O impacto para a população é destacado pela professora de Memória e Patrimônio Cultural Ivana Parrela, da Escola de Ciência da Informação (ECI) da UFMG.

“Há grande fluxo de pessoas no trecho por conta dos hospitais da região. Para muita gente, por muito tempo acabou se tornando um ‘alívio’ sentar-se debaixo das árvores. Precisamos preservar e cuidar daquele lugar”, defende.

Além disso:

O vencedor do concurso também terá que adequar o espaço para as feiras realizadas no canteiro central da Bernardo Monteiro, entre a rua dos Otoni e a avenida Brasil. Após a infestação de mosca-branca e o risco de queda dos fícus, os expositores foram transferidos para o lado oposto, nas imediações da rua Aimorés, perto do Colégio Arnaldo. A volta ao antigo espaço ocorreu em abril deste ano.

A feirante Alexandra Luiza Gregório, de 43, sonha em trabalhar na área com a sombra das árvores. “Há cerca de três anos, quando comecei a vender artesanato na Feira Espaço da Cidadania, elas já haviam sido cortadas. Depois que voltamos, está muito quente”. 

Quem também reclama do calor, mas tem se apegado às lembranças que tem da beleza da avenida nos tempos antigos, é a aposentada Leila Pauluci, de 83. Ela conta que desde criança visitava o local para aproveitar a sombra. Mas, depois dos cortes dos fícus, a idosa afirma que a via ficou “mais feia”. “Se antes todo mundo vinha para aproveitar, agora estão todos fugindo daqui”, ressalta. 

A situação, inclusive, influencia o comércio. A vendedora Valdeene Silva, de 47 anos, diz que nos tempos de sombra as pessoas que trabalham na região faziam horário de intervalo debaixo das árvores. “Elas vinham, olhavam, compravam. Agora, só andam correndo e nem veem direito”.

  

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