Revoltados com taxa, taxistas de Confins prometem parar

Renata Galdino e Iêva Tatiana - Hoje em Dia
30/01/2016 às 07:51.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:14
 (Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)

(Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)

Taxistas que operam no Aeroporto de Confins, na Grande BH, prometem parar no próximo mês. Além da concorrência do transporte clandestino, os permissionários estão revoltados com a taxa de embarque de R$ 4 cobrada a cada vez que pegam passageiros no terminal. O valor está em vigor desde 1º de janeiro.

A taxa é cobrada pela TJW Soluções, empresa contratada por meio de concorrência privada pela BH Airport, administradora do aeroporto.

Confira o vídeo da matéria:

Até o fim do ano passado, as quatro cooperativas de táxis que operam em Confins pagavam cerca de R$ 22 mil, cada uma, pelo aluguel mensal dos guichês e do pátio onde ficam os motoristas. O valor era rateado entre os cooperados.

“Pagava R$ 89 por mês. Agora chega a R$ 360”, disse um permissionário que trabalha no aeroporto e que pediu anonimato por medo de retaliações. Na ponta do lápis, os taxistas já contabilizam perdas financeiras. “Temos custos de gasolina, impostos. Ao final, uma corrida de R$ 120, por exemplo, rendeu R$ 79”, frisou um outro motorista, também com receio de se identificar.

Na próxima semana, o presidente do Sindicato dos Táxis da Região Metropolitana (Sintáxi), Marco Antônio Sampaio, vai a Brasília tentar informações sobre a legalidade da cobrança da taxa. “A TJW foi criada em outubro e, dois meses depois, assinou contrato com o maior aeroporto de Minas, que ainda tem 49% sob a tutela da Infraero. Queremos saber como chegaram a esse valor de R$ 4 e quem é essa empresa, já que o cadastro dela na Receita Federal informa o número de uma cooperativa de táxi de Lagoa Santa. Já no endereço inscrito, em BH, há um salão de beleza”. Marco Antônio não descarta uma paralisação da categoria.

Explicações

“A mudança no gerenciamento dos táxis no aeroporto visa a garantir melhorias aos motoristas, dentro de um projeto inovador”, informou um dos sócios da TWJ, Antônio Coelho. “O taxista será qualificado, os ítens de segurança do carro serão checados e será criado um código de conduta”.

Sobre o cadastro na Receita Federal, Antônio disse que o telefone foi associado erroneamente pela contabilidade, pois foi a cooperativa Minas Táxi que indicou a empresa que fez a abertura da TJW. A Minas Táxi foi procurada pelo Hoje em Dia, mas não retornou até o fechamento desta edição.

Já a BH Airport informou que a cobrança pelo uso dos guichês e pelas áreas de espera na área externa está prevista no contrato de concessão.

Cooperativas reclamam de não terem sido consultadas
 
O novo modelo de cobrança aos taxistas no Aeroporto de Confins encontrou resistência de algumas cooperativas. A Cooperfins ainda não assinou o contrato por discordar do valor cobrado.

De acordo com um dos diretores, que prefere não ser identificado, a Cooperfins representa 41% da frota de táxis do terminal, com 260 veículos. Cada carro faz, em média, três corridas/dia, o que geraria um custo adicional de R$ 12.

Dessa maneira, a cooperativa precisaria desembolsar, sozinha, R$ 3.120 por dia (R$ 93,6 mil por mês) com o pagamento da nova taxa. “Estão na pressão para que assinemos o contrato, ameaçando até impedir que a gente rode lá. Eles não são flexíveis e a todo momento deixam claro quem é que manda”.

Segundo o diretor, a cobrança de R$ 4 por corrida foi justificada pela promessa de construção de uma área de convivência. “É um valor muito alto para uma coisa que não está pronta”.

Diretor-presidente da Coopertramo, Vicente Mayrink ainda não calculou o impacto da cobrança nas finanças da cooperativa, que tem 170 táxis no aeroporto, mas confirmou que a decisão foi tomada sem consultar os permissionários. “De certa forma, impuseram isso. Ou você segue ou está fora”.

Por meio de nota, a BH Airport disse não ter informações sobre eventuais retaliações, e que taxistas credenciados e autorizados pelo poder público podem atuar legalmente no terminal.

ALÉM DISSO

Cobrança será faturada

Um cartão magnético foi entregue a cada taxista para ele ter acesso ao estacionamento da plataforma E, onde os carros dos permissionários aguardam ser chamados para embarcar passageiros. No fim do mês, o valor é faturado e cobrado de cada motorista.

Lagoa Santa tenta negociação

Diretor municipal de Transportes e Trânsito de Lagoa Santa, na Grande BH, Roberto Félix disse que a prefeitura está acompanhando as mudanças, dialogando com os taxistas, cooperativas e com a BH Airport. O objetivo é, segundo ele, encontrar uma alternativa melhor a todos os envolvidos. A Prefeitura de Confins, que também tem táxi operando no terminal, foi procurada pelo Hoje em Dia, mas não retornou até o fechamento desta edição. A reportagem entrou em contato com a Infraero, em Brasília, mas a assessoria informou que questões sobre Confins são respondidas pela BH Airport.

Concessionária garante que haverá melhorias

A BH Airport informou que uma sala de descanso com televisão e ar-condicionado, geladeira, refeitório, mesa para jogos, banheiros e lanchonete para os taxistas será instalada no pátio E. Em maio, de acordo com a administradora, começam as operações de um novo bolsão de espera, com vagas demarcadas e cobertas, lava-rápido e uma vila de apoio.

Em até 15 dias, o Sintáxi deve entrar com um pedido de investigação no MP

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