GOVERNADOR VALADARES – Uma rodoviária clandestina montada próximo à Praça da Estação Ferroviária, no Centro de Governador Valadares, é a opção de viagem para passageiros que desembarcam dos trens da Vale. A maioria tem como destino cidades da região.
O esquema, segundo taxistas, funciona há mais de um ano e é operado por motoristas de carros de passeio, vans e ônibus. Um “guichê” de vendas de passagens funciona na calçada da rua Belo Horizonte. Ao lado, passageiros aguardam a viagem em bancos semelhantes aos da rodoviária.
“Esse esquema atende a mais de 50 cidades e quebra uma importante cadeia de emprego e renda na cidade. Antes, os passageiros que desembarcavam na estação pegavam um táxi até a rodoviária e, lá, compravam passagem para a cidade de destino. Agora, o transporte clandestino faz todo o serviço”, afirmou um taxista, que se identificou apenas como Marcos. Ele reclamou da queda no faturamento. “Ainda temos a concorrência do pessoal que faz mototáxi. Para complementar a renda, faço bicos na construção civil”.
Balcão
A venda do bilhete é feita por uma mulher que se identifica como “Maria”. Na mesa em frente a um bar, ela controla a quantidade de passageiros em uma lista que mantém debaixo de uma bolsa.
O preço da viagem nem sempre é tentador. Uma passagem para Teófilo Otoni nos clandestinos sair por R$ 30. Na rodoviária, a Companhia Rio Doce cobra R$ 25. “Nosso serviço é mais rápido”, informou uma jovem que trabalha nas proximidades da estação aliciando passageiros.
Marcelo Salves, que mora em Mendes Pimentel, a 70 km de Governador Valadares, não pensou duas vezes e aceitou a proposta para chegar em casa num veículo clandestino. “O problema é que não tem ônibus toda hora e, aqui no clandestino, é só juntar um grupo de quatro pessoas que já dá uma viagem”, disse o rapaz sabendo dos riscos. “Se a polícia parar, posso ficar na estrada”.