(Marcelo Prates)
Belo Horizonte é a sexta cidade mais populosa do país, com 2,4 milhões de habitantes. A informação, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), basta para nos fazer acreditar que boa parte dos moradores da capital desconhece os hábitos dos demais. Por isso, muitos ficarão surpresos ao descobrir que em uma dezena de bairros a fugacidade do dia a dia e das relações interpessoais vem dando lugar a uma rotina peculiar e até curiosa. Reinventadas com o passar dos anos e fortalecidas, a despeito do crescimento urbano, as feiras livres foram reconstruídas. Para todos Frequentadas, no princípio, sobretudo por donas de casa, hoje servem de ponto de encontro para vizinhos, amigos e até parentes. No bairro Cidade Nova, região Nordeste de BH, o feirante José Ferreira, de 80 anos, acompanha, há cinco décadas, as transformações sofridas pelos “mercadinhos de rua”. À frente da barraca de frutas, confirma que a relação com os fregueses vai, agora, além da boa compra. A prosa, às vezes, é tão interessante que ele se esquece de cobrar a conta. “É uma relação de amizade e confiança. Muitos dos meus clientes já são conhecidos de longa data, mas se veem, geralmente, só às quintas-feiras, aqui. Tem gente que passa mais tempo batendo papo do que comprando”, brinca. A aposentada Virgínia Luizi, de 65 anos, é freguesa assídua. São 42 anos de bairro e 30 de feira. “Já sei exatamente o que vou encontrar. Além disso, conheço os donos das bancas, sou chamada pelo nome e recebo um tratamento muito especial, carinhoso e dedicado”. Já a consultora Silvânia Boschetti gosta de levar legumes frescos da feira, embora frequente pouco o local. “É a terceira vez em que venho aqui, mas sou totalmente a favor das feiras livres, do cultivo familiar. Na Itália, por exemplo, gosto de ir para passar o dia, conversar, apreciar, sentir o cheiro das coisas. É um ambiente tentador”, compara. Leia mais na Edição Digital