Ruído silenciável: comum em mais de 30% da população, ronco pode e deve ser tratado

Patrícia Santos Dumont
13/09/2019 às 20:42.
Atualizado em 11/08/2021 às 05:46

Comum em um terço da população e naturalizado por muita gente, o ronco costuma ser interpretado como caminho sem volta. O que nem todo mundo sabe é que o problema não só deve como pode ser silenciado. Manifestado de forma habitual, até três vezes por semana, ou acompanhado por apneia – parada respiratória momentânea –, encontra em exercícios de fonoaudiologia, na perda de peso e até na maneira de deitar na cama ao dormir estratégias eficazes para ser minimizado ou combatido. 

O vendedor Carlos Roberto Cabral, de 75 anos, não sabia disso até procurar um médico. Roncador reconhecido de longe, sobretudo pela esposa, Iná, investigou, descobriu uma bronquite, passou a exercitar-se e incluiu um aparelho intra-oral, feito sob medida, na rotina. O resultado não foram só as noites mais silenciosas, mas também dias mais tranquilos. “A qualidade de vida melhora consideravelmente”, comemora o casal. 

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Outros problemas

Responsável pelo tratamento de Cabral, o neurologista e médico do sono Rogério Gomes Beato explica que as medidas são essenciais para dar fim ao desagradável barulho e evitar o surgimento de outros problemas. Graves, inclusive. 

Provocado pela vibração das vias respiratórias, em função de um estreitamento ou obstrução, o ruído, em alguns casos, pode estar associado a arritmias cardíacas, infartos, AVCs, além de dificuldade de raciocínio e falta de memória.

Episódios repetidos de apneia levam a uma menor oxigenação do sangue e, consequentemente, a uma série de danos ao organismo. 

“Em geral, as pessoas só buscam atendimento (neurológico) quando sentem sonolência excessiva durante o dia, provocada pela apneia, que leva a noites mal dormidas. Por outro lado, quem acorda várias vezes à noite também pode estar sofrendo com eventos respiratórios”, alerta Rogério Beato, presidente da Associação Brasileira do Sono (ABS) em Minas Gerais e professor no Departamento de Clínica Médica da Escola de Medicina da UFMG.

50% dos homens com mais de 60 anos roncam, mostram estudos; problema é mais comum no sexo masculino por fatores hormonais e anatômicos

Multidisciplinar

Detectar o ronco passa por uma investigação minuciosa conduzida por múltiplos profissionais – médicos, fonoaudiólogos, dentistas e psicólogos. Uma das abordagens é a polissonografia, exame que mede, no consultório ou na casa do paciente, atividades respiratória, muscular e cerebral durante o sono. Informações coletadas por sensores espalhados pelo corpo são analisadas por programas de computador, que transformam os dados em padrões detalhados sobre o descanso do indivíduo. 

Embora menos desconfortável, justamente por manifestar-se com menor frequência e num volume mais baixo – sendo, por causa disso, muitas vezes negligenciado –, o ronco habitual pode evoluir para episódios com parada respiratória.

Estima-se que 33% da população brasileira sofra com o problema, mais incidente entre os homens. Mulheres na menopausa também têm maior propensão.Editoria de Arte

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