Rua onde veículo desgovernado matou mulher em BH tem trânsito proibido para caminhões

Juliana Baeta
19/08/2019 às 14:27.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:03
 (Montagem)

(Montagem)

A rua Professor Aníbal de Matos, no bairro Santo Antônio, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, onde uma mulher de 59 anos morreu no fim da manhã desta segunda-feira (19), quando teve o carro esmagado por um caminhão desgovernado, tem trânsito proibido para caminhões, conforme indica placa de sinalização no local.

Apesar da restrição, o motorista do caminhão estacionou o veículo para erguer uma caçamba usando uma espécie de guindaste. Mas ao erguer o equipamento, o veículo acabou ficando apoiado somente pelas rodas traseiras devido ao peso dos entulhos. Foi neste momento que o veículo começou a descer a via, desgovernado, em uma descida íngreme, segundo moradores do local. 

O caminhão atingiu a escadaria da entrada de um prédio, momento em que o motorista tentou recuperar o controle, mas o veículo continuou descendo, passou por cima do Honda WRV, que foi arrastado, e atingiu a traseira de outro veículo, um Palio, parando somente ao bater em uma árvore. Neste momento, o motorista do caminhão pulou para fora do veículo. 

O vice-presidente da Associação dos Moradores do bairro Santo Antônio, Patrick Nezio, relata que, apesar da sinalização que indica a proibição do tráfego de caminhões na via, a norma não é respeitada. 

“Já nos mobilizamos junto a vereadores para que a proibição seja seguida, mas nunca acontece nada. E também não há fiscalização aqui, por ser uma região de pouco movimento. Então, o tráfego de veículos pesados sempre ocorre, mesmo com a rua não suportando, como aconteceu hoje”, conta, mostrando a calçada quebrada após a passagem do caminhão desgovernado.

Segundo o tenente Sílvio Breygil, do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, em ruas com restrição de tráfego para caminhões, o ideal é, em casos de mudança ou obras, parar o caminhão ou deixar a caçamba em uma rua perto que não haja a proibição. 

"Dá mais trabalho, mas é mais seguro. Esta rua onde aconteceu o acidente ela é especialmente íngreme e, portanto, tem a restrição para caminhões. Mas outras ruas próximas não têm a proibição. É preciso respeitar a sinalização", explica. Procurados pela reportagem, os donos da empresa de caçamba não atenderam as ligações. 

Segundo a BHTrans, a rua Professor Aníbal de Matos ficou interditada entre as ruas Pitangueiras e Matipó, e por volta das 15h, foi liberada.  

 Dinâmica do acidente

Ainda de acordo com o tenente Breygil, o caminhão que não poderia estar transitando na via, estava parado para içar uma caçamba de entulhos. "O veículo estava com a parte dianteira para baixo e, quando o motorista tentou fazer a elevação da caçamba, a parte dianteira do caminhão perdeu a aderência ao solo e, consequentemente, o motorista também perdeu a capacidade de controlar o veículo".

Ele ainda explica que, devido ao peso dos entulhos, a caçamba foi empurrando o caminhão "rua abaixo". "O motorista não conseguiu parar o veículo pois não tinha controle nenhum mais. E assim, o caminhão atingiu a calçada, o Honda e, mais abaixo, um Palio que chegou a ser danificado", conta. 

Devido à gravidade do acidente e à situação da via, foi preciso acionar outros reboques com capacidade de peso maior para estabilizar o caminhão, que ainda estava em risco de continuar descendo a rua quando os bombeiros e a polícia deram início aos trabalhos. 

O motorista do caminhão foi levado para a delegacia e também deve passar pelo teste do bafômetro. "Nesses casos a empresa é notificada sim, mas, de todo modo, o motorista também é responsabilizado, uma vez que qualquer condutor habilitado tem a obrigação de respeitar a sinalização da via", conclui. 

Vítima havia acabado de entrar no carro  

O veículo da vítima, um Honda WRV, foi completamente esmagado pelo caminhão. Ele pertencia à psicóloga Ivanilda José Basílio Felisberto, de 59 anos, que morreu. Um morador do prédio em frente ao local do acidente, que preferiu não ser identificado, relata que viu quando a mulher saiu de um prédio e entrou no veículo, que costumava ficar estacionado ali. 

"Ela saiu do prédio, entrou no carro e ficou um minutinho ali mexendo no celular. Se ela tivesse entrado e já saído com o carro, talvez tivesse escapado", lamentou. Ivanilda deixa um filho de 30 anos. 

Motorista do Palio escapou por pouco

O outro veículo atingido pelo caminhão, um Palio, teve a traseira danificada, mas não chegou a ser arrastado. O dono do carro, o engenheiro de ar condicionado Marco Aurélio Braga, de 44 anos, conta que estava no local para fazer um seriço em um dos prédios da região, quando ouviu um barulho e saiu correndo. 

"Eu ouvi um barulho muito alto e desci correndo, quando vi o caminhão descendo, não deu tempo de fazer mais nada. Vi o outro carro sendo esmagado, parece que passou um filme na minha cabeça. Na hora eu só vi na minha cabeça a imagem da minha esposa e dos meus filhos", contou, emocionado.

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