Síndrome inflamatória infantil ligada à Covid avança, desafia médicos e lança alerta aos pais

Renata Evangelista (*)
rsouza@hojeemdia.com.br
13/08/2020 às 20:10.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:16
 (© Marcello Casal/Agência Brasil)

(© Marcello Casal/Agência Brasil)

Rara e capaz de provocar a internação de crianças e adolescentes, a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) avança em Minas. Em uma semana, os casos investigados no Estado pularam de dois para seis. Dois são de moradores de Belo Horizonte, de 2 anos. A doença desafia médicos, que lançam um alerta aos pais.

As poucas informações disponíveis dão conta de que a enfermidade pode estar relacionada à Covid-19. Não há registros de mortes no Estado, mas todos os casos precisam de acompanhamento em unidades de saúde. O mal, que surgiu durante a pandemia, afeta vários órgãos.

Mistério para cientistas mundo afora, a SIM-P provoca febre alta e duradoura, além de pressão baixa e manchas pelo corpo (veja todos os sintomas na arte abaixo). Além disso, há registros de comprometimentos dos sistemas cardiovascular, gastrointestinal, renal, hematológi-co, dermatológico e até neurológico.

O alerta aos pais é para procurar socorro caso a criança apresente sinais durante ou após a Covid – o mesmo vale para menores que não receberam o diagnóstico de coronavírus, mas tiveram contato com algum paciente. 

Até o momento, não foram detectados casos da síndrome inflamatória em adultos

Porém, não há motivo para alarde. “Sem pânico. A ida a um pronto-atendimento é para garantir que a criança seja avaliada por um profissional e, se necessário, receba os devidos cuidados, evitando que os pais façam usam de medições por conta própria”, orienta a membro do Departamento de Infectologia da Sociedade Mineira de Pediatria, Lilian Martins.

Sobre a síndrome estar ligada à Covid, a médica pede cautela. “Ainda não se pode confirmar isso. No período da pandemia, houve casos. Mas não se sabe se é uma consequência”, acrescenta a infectologista, que atua há mais de 20 anos na área.

Também pediatra e com atuação nos hospitais Odilon Behrens e São Camilo, Beatriz Adriane Gonçalves explica que ainda não existe um exame específico para detectar a SIM-P. Segundo a especialista, os profissionais se baseiam em inflamações, lesões de pele e diagnóstico positivo de Covid-19.Editoria de Arte - Nelson Flores

Acompanhamento

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou que orienta os municípios e serviços de saúde a realizar a notificação de qualquer caso suspeito. Em Belo Horizonte, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) disse que ambos os pacientes da capital “estão evoluindo bem”.

Até o mês passado, o Ministério da Saúde havia registrado 71 casos no país. Ontem, a pasta repassou a mesma informação, sem a atualização de dados. Conforme o órgão, os casos são monitorados com o objetivo de “identificar se a síndrome pode estar relacionada à Covid-19”.

No mundo

Os primeiros casos surgiram na Europa e América do Norte. No Brasil, o Ministério da Saúde determinou a notificação obrigatória a partir do fim de julho de 2020. Na época, a pasta realizou videoconferência com os estados para explicar a situação.

Em 20 de maio, a Sociedade Brasileira de Pediatria lançou uma nota de alerta com critérios para identificar os casos de SIM-P, dentre os quais paciente com febre persistente. A presença do coronavírus não seria obrigatória, sendo mais comum a presença de anticorpos.

(*) Colaborou Renato Fonseca

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