De 22 medicamentos do SUS para soropositivos, oito estão em falta no Estado

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
13/07/2017 às 20:26.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:33
 (Sxc.hu)

(Sxc.hu)

Realidade que coloca a saúde de milhares de mineiros soropositivos em risco, os estoques de medicamentos utilizados no tratamento de HIV positivos estão em baixa em Minas. Pelo menos oito dos 22 remédios oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) estão com a entrega irregular nas chamadas Unidades Dispensadoras de Medicamentos Antirretrovirais (UDMs), espaços responsáveis por distribuir os fármacos enviados pelo Ministério da Saúde.

Atualmente, 57.031 pessoas estão em tratamento no Estado. Os soropositivos recebem o coquetel de medicamentos antirretrovirais nas 71 UDMs distribuídas em 27 municípios mineiros. A cada 25 dias, os pacientes podem buscar os remédios, bastando ser cadastrados e possuir receita médica.
 
Os fármacos são adquiridos pelo Ministério da Saúde e entregues à Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG), que repassa para as UDMs. O recebimento de medicamentos gratuitos é previsto em lei e garante o bem-estar para os HIV positivos. 

Problema

Desde 2016, começaram a faltar remédios nas UDMs de Minas. “As entregas têm ocorrido em atraso, parceladas e com quantitativo muito inferior ao planejado pela SES-MG, ocasionando desabastecimentos”, confirma, em nota, a pasta. O motivo, conforme a Secretaria de Saúde, seria a não entrega por parte do governo federal. 

A pasta não informou quais os medicamentos estão em falta, mas a reportagem teve acesso a um documento enviado pelo próprio governo do Estado para as UDMs informando a entrega irregular. Por meio dele, foi possível confirmar a falta de pelo menos oito medicamentos. Alguns não têm nem previsão de entrega. E um não está sequer sendo produzido por falta de matéria-prima. 

Capital

Em Belo Horizonte, onde 11 mil pessoas buscam remédios nessas unidades, sendo 30% delas provenientes de outras cidades, a falta de quatro compostos foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde, que é quem gerencia o estoque das UDMs. 

Em uma das cinco unidades da capital, onde a reportagem esteve na manhã de ontem, foi possível constatar a ausência dos medicamentos. A funcionária de outra UDM, que não quis se identificar, contou por telefone que o local vive o momento mais crítico de estoques. 

Em função do repasse de fármacos para moradores de outros municípios, as UDMs de BH precisam de quantitativo reserva para evitar desabastecimento. Mas esse estoque de segurança deixou de existir na medida em que as entregas ficaram irregulares. 

Experiência

Mesmo diante de todas as evidências, em nota, o Ministério da Saúde negou a falta de medicamentos não só em Minas, como em qualquer estado do país. 

Situação diferente da relatada por um morador de Bom Despacho, na região Central de Minas, diagnosticado com HIV há seis meses. Nesse intervalo, ele já ficou sem medicamento até por duas semanas. 

“Fico com tonteira, dificuldade de levantar da cama, diarreia, vômito. É muito difícil”, conta. Mesmo com o relato do jovem, a Prefeitura de Divinópolis, onde ele busca o coquetel, nega a falta de medicamentos. 

O infectologista Estevão Urbano explica que, além dos incômodos físicos, um HIV positivo sem medicamento pode enfrentar um aumento do vírus no organismo e ter uma baixa de imunidade que pode levar à morte. Editoria de Arte / N/A

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