Saúde privada perto de "virar" SUS em Belo Horizonte

Alessandra Mendes e Celso Martins - Do Hoje em Dia
25/07/2012 às 11:58.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:50
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

A média de espera no atendimento de urgência e emergência para quem tem plano de saúde em Belo Horizonte é de três horas, segundo estudo do Conselho Federal de Medicina (CFM). O dado coloca o setor em pé de igualdade com o serviço prestado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com o socorro chegando, em média, a quatro horas, segundo o CFM.

Conforme a entidade, a rede particular está saturada na cidade e região metropolitana, assim como em outras capitais do Sudeste. Belo Horizonte tem 1,28 milhão de pessoas atendidas por meio de planos de saúde, 25% a mais que os 972 mil dependentes da rede pública.
Na terça-feira (24), o Hoje em Dia visitou unidades privadas e públicas e constatou o drama vivido pelos pacientes. A lotação da sala de triagem do pronto-atendimento da Unimed de Contagem, no bairro Cidade Industrial, já revelava o que o paciente iria enfrentar. O atendente informava aos conveniados que a média de espera seria e três horas e meia. Cerca de 40 pessoas aguardavam passar pela triagem para depois serem encaminhadas ao saguão de espera do médico.

O operário de produção Luiz Marcos Faul, de 24 anos, que foi em busca de um atendimento para o filho de 9 meses, esperou cerca de três horas. “Você paga caro esperando um diferencial, mais agilidade, mas se depara com algo muito parecido com o SUS”, afirmou Faul. O gasto de um casal com apenas um filho pequeno pode chegar a R$ 6 mil, por ano, em um plano de saúde do porte da Unimed.

Membro do CFM, o médico Hermann Von Tiensenhavsen compara a má prestação do serviço dos planos de saúde ao que ocorre no setor de telefonia. “A rede suplementar de saúde vendeu muitos planos, mas a estrutura de atendimento não foi ampliada. O número de médicos não é suficiente”.
O fechamento de 110 hospitais em Minas Gerais, nos últimos dez anos, é apontado por Tiensenhavsen como motivo da grande procura pelos planos de saúde, principalmente em Belo Horizonte. O conselho defende uma atuação mais firme da Agência Nacional de Saúde Suplementar para exigir das operadoras a ampliação do número de profissionais e de leitos.

Na terça-feira (24), na UPA do Barreiro, em Belo Horizonte, o cenário era bem parecido com o do hospital da Unimed. Depois de duas horas de espera, a secretária Tatiane Ferreira, de 23 anos, decidiu fazer um lanche porque ainda não tinha previsão de quando seria atendida. “Até pensei em fazer plano de saúde, mas quem tem diz que está quase igual. Entre esperar pagando e esperar de graça, prefiro a segunda opção”, alegou. Em janeiro, a Agência Nacional de Saúde (ANS) estipulou prazos para o atendimento médico. Em caso de consulta, ela deve ser marcada em até sete dias.

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