Armadilha ajuda a identificar áreas com alto risco de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
07/03/2016 às 07:50.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:42
 (Wesley Rodrigues)

(Wesley Rodrigues)

Dor no corpo, febre, manchas no corpo, coceira. Mal-estar geral. São muitos os sintomas causados pela dengue, chikungunya e zika, doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. O pequeno inseto se transformou em um dos principais vilões da saúde pública, e não são poucas as tentativas para abatê-lo. Uma delas pode ser considerada um inimigo de peso: o Mosquitrap.

Desenvolvido pela UFMG e licenciado para uso comercial para a Ecovec, uma start-up instalada no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec), a tecnologia é capaz de reduzir em até 60% os casos das enfermidades, quando associada a medidas de combate ao mosquito. "Fizemos uma pesquisa em 21 municípios mineiros de diferentes regiões e percebemos que onde a armadilha foi aplicada houve redução de 60% de casos na comparação com cidades vizinhas", afirma a bióloga e diretora Científica e Executiva da Ecovec, Cecília Marques.

Como funciona

O Mosquitrap é semelhante a um vaso de planta, com condições ideais para que a fêmea do Aedes aegypti ponha os ovos. Dentro, há um agente químico que atrai o mosquito e, o principal, uma cola que não o deixa sair. As fêmeas recolhidas são enviadas para o laboratório da empresa, localizado em Belo Horizonte. Em 24 horas é possível saber se aquele mosquito é portador ou não de alguma das doenças que têm atormentado a sociedade. As armadilhas são monitoradas semanalmente.

"As análises são tão minuciosas que podemos saber se os mosquitos são portadores de dengue 1, 2, 3 ou 4, por exemplo", afirma Cecíllia. Ela afirma, ainda, que as validações científicas apontam que o ideal é que 16 armadilhas sejam instaladas por quilômetro quadrado, o equivalente a um Mosquitrap a cada três quarteirões.

Compilação

Os dados recolhidos são enviados, por meio de aparelhos eletrônicos, a uma central de informações, capaz de compilar os números e elaborar gráficos. Desta forma, o gestor de saúde pública sabe, exatamente, qual área possui maior incidência de mosquito infectado e, portanto, em qual região ele deve atuar com mais ou menos intensidade.

"Além de reduzir os casos, é possível diminuir os gastos no combate à dengue, já que as ações serão melhor direcionadas", ressalta Cecília.

 


Análise do Aedes é concluída em até 24 horas - Crédito: Wesley Rodrigues/Hoje em Dia

Cidade mineira registra queda de 38% nos casos de dengue

Santa Vitória, no Triângulo Mineiro, é um dos dez municípios que usam a tecnologia. A cidade, que tem 71 Mosquitraps espalhados estrategicamente, conseguiu reduzir em 38% os casos de dengue em 2014 e 2015, segundo o coordenador de Endemia, Junio Marques dos Santos. "Este ano ainda não sabemos como será, já que está chovendo mais. Mas os esforços continuam intensos", diz.

Ele ressalta, no entanto, que as armadilhas devem ser utilizadas de forma coordenada com as ações de eliminação do mosquito. Ou seja, sempre que um Mosquitrap prende mais de duas fêmeas contaminadas, uma série de medidas articuladas é realizada.

Entre elas, fumacê e equipe de visita às casas. "Quando apenas duas fêmeas contaminadas são presas, nós já enviamos uma equipe ao quarteirão onde aquela armadilha está para procurar o foco e orientar as famílias", explica o coordenador de endemias.

Ainda segundo Santos, além da vantagem de reduzir os casos de dengue, há uma queda nos gastos do município com saúde. "São menos pessoas internadas, menos pessoas tomando soro, menos leitos ocupados. Vale a pena", enfatiza.

Em Belo Horizonte, a tecnologia utilizada é a ovitramp, em que os ovos dos mosquitos são analisados. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde, 1.782 ovitramps estão instaladas em raios de 200 metros, cobrindo toda a área urbana.

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