Casos de Ômicron no país fazem mais cidades mineiras desistirem do Carnaval

Luiz Augusto Barros*
@luizaugbarros
01/12/2021 às 08:02.
Atualizado em 08/12/2021 às 01:11
 (Hoje em Dia)

(Hoje em Dia)

“Perigo iminente”, como avaliou o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, a variante Ômicron do coronavírus pode se espalhar rapidamente pelo território nacional. Mesmo sem ter “desembarcado” oficialmente em Minas, a nova cepa, ainda pouco conhecida pela ciência, levou mais três prefeituras a cancelar o carnaval. Até agora, 12 cidades proibiram a folia. 

Ontem, dois brasileiros testaram positivo para a mutação após teste preliminar em São Paulo, o que aumentou a apreensão das autoridades de saúde. Até sexta-feira, o resultado da análise genética de uma paciente internada na capital mineira deve ser divulgado. 

O caso suspeito da nova cepa em Minas é analisado pela Fundação Ezequiel Dias (Funed). A mulher de 33 anos, não vacinada, chegou recentemente a BH após passagem pela África, apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como local de origem da variante.

A paciente está internada no Hospital Eduardo de Menezes. Segundo a Funed, o prazo padrão para sequenciamento é de sete dias. No entanto, como se trata de um caso importante, a análise será feita em tempo menor.

O cenário incerto em relação ao desenvolvimento da pandemia, pois ainda não se sabe se a nova cepa é resistente às vacinas contra a Covid-19, fez as prefeituras de Itamonte, Itanhandu e Passa Quatro, no Sul de Minas, desistirem da folia. A decisão, conjunta, foi anunciada pelas redes sociais. 

A festa atrai uma grande quantidade de turistas para os municípios e não há como garantir a segurança sanitária para a realização de um evento desse porte, alegaram os gestores. Eles também temiam que os municípios recebessem um público maior que o esperado em virtude do cancelamento da festa momesca em outras cidades da região. 

Uma noção mais segura sobre os riscos da nova cepa deve demorar alguns meses, já que será preciso avaliar o comportamento da Ômicron ​

Inevitável

Para o médico infectologista Leandro Curi, assim como aconteceu com a Delta, é esperado que a variante Ômicron se alastre pelo país. “Se considerarmos as outras variantes de interesse, é natural que ela se espalhe. Um exemplo disso é que do anúncio (da existência) dela até aqui, já havia se espalhado para quatro continentes”, avaliou.

Segundo o professor de genética humana da UFMG, Renan Pedra, características específicas dessa variante podem representar um risco maior. Uma delas é o número de mutações encontradas na proteína Spike, trecho do material genético do vírus utilizado nas vacinas Pfizer, AstraZeneca e Janssen.

“Nenhuma das variantes tem mais de 10 mutações, e a Ômicron tem mais de 30. É uma preocupação, mas a gente tem que lembrar que a vasta maioria delas não leva a uma variação funcional. Tudo que especulamos neste momento é baseado no que vimos em outras mutações”, afirmou em entrevista ao Hoje em Dia na segunda-feira.

O pesquisador explica que uma noção mais segura sobre os riscos da nova cepa ainda deve demorar alguns meses, já que será preciso avaliar o comportamento da Ômicron em indivíduos para entender quais os sintomas e como ela afeta cada pessoa.

Segundo o prefeito Alexandre Kalil, a prefeitura fará o possível para que o vírus não se espalhe. “O problema é juízo. Há um perigo iminente, está todo mundo estudando. Não é para pânico, estamos fazendo o acompanhamento total. Os números estão controlados”, garantiu.

*Com Lucas Sanches e Bernardo Estillac

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