Tratamento dentário na gravidez evita transtornos futuros e danos irreversíveis

Ana Lúcia Gonçalves - Hoje em Dia
26/01/2015 às 10:01.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:47
 (Cristiano Machado/Hoje em Dia)

(Cristiano Machado/Hoje em Dia)

Falta de informação afasta grávidas do consultório do dentista. Sem saber a que procedimentos podem ou não se submeter durante a gestação, muitas mulheres evitam a visita ao consultório. Um erro, já que problemas bucais não tratados podem se transformar em uma dor de cabeça e tanto e até ameaçar a saúde do bebê. Doenças periodontais, como infecções na gengiva, são suspeitas de desencadear partos prematuros.

Com mais de 30 anos de profissão, o cirurgião-dentista Paulo Perim raramente atende grávidas em Governador Valadares, Leste de Minas. “Mitos acabam levando as mulheres a adiar tratamentos que poderiam livrá-las de desconfortos. Gestantes são pacientes especiais, mas em princípio podem passar por todos os procedimentos odontológicos”.

Dores e sangramentos exigem intervenções de urgência que podem ser feitas em qualquer estágio da gravidez. E, ao contrário do que prega a maioria das pessoas, o uso de anestésico está liberado. “A quantidade é que deve ser bem administrada”, diz.

O cirurgião-dentista lembra que o organismo da mulher sofre mudanças importantes, durante a gravidez, por questões hormonais. O mesmo acontece com a gengiva, devido ao aumento do volume sanguíneo, favorecendo patologias. Agrava o quadro a falta de cuidados básicos: escovação, uso do fio dental e de enxaguantes que combatem as placas bacterianas.

Além disso, pesquisas sinalizam a relação de problemas periodontais com partos prematuros e o nascimento de crianças com baixo peso. “O estudo ainda não foi concluído, mas o importante é a gestante saber que precisa ter uma saúde geral boa, alimentação de qualidade e acompanhamento de um médico e de um dentista de confiança”.

Apesar de enfatizar que tudo é permitido, Perim aconselha as grávidas a evitar procedimentos complexos nos três primeiros meses da gestação – fase de formação do embrião e maior incidência de abortos espontâneos – e antes do último trimestre, período em que a cadeira ficará desconfortável para a “barrigudinha”.

“Se for uma intervenção estética, faça antes ou depois da gravidez. Tudo que provoca estresse deve ser evitado”.

Foi pensando assim que a publicitária Isabele Kaizer, de 28 anos, decidiu adiar para depois do parto a cirurgia para corrigir uma retração gengival. Ela descobriu o problema pouco antes de receber a notícia da gravidez. A dentista que a atende apoiou a decisão.

“O universo das gestantes é cheio de mitos. Descobri num curso que quase tudo é permitido, mas prefiro aguardar. Enquanto isso, vou cuidando da higiene bucal e da alimentação”, diz.

Segundo Perim, com tantas lendas e crendices, alguns dentistas evitam atender grávidas, em especial nos três primeiros meses da gravidez. “Essa fase é delicada, e, qualquer coisa, a culpa pode ser do dentista”, justifica. 

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