Samarco acredita que mancha de lama em Abrolhos vem de barragem em Mariana

Aline Louise e Gabriela Sales - Hoje em Dia
07/01/2016 às 21:35.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:56
 (ICMBio/Divulgação)

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A lama da Samarco, que vazou da barragem de Fundão, em Mariana, já pode ter chegado ao Arquipélago de Abrolhos, no sul do litoral do estado da Bahia. A informação foi dada nesta quinta (7) pela diretora do Ibama, Marilene de Oliveira Ramos, e confirmada pela própria empresa ao Hoje em Dia.

Anteriormente, a Samarco havia emitido uma nota confirmando que a turbidez nas águas do mar faz parte da mancha que avança pelo litoral. Quarenta minutos após emitir o primeiro comunicado, a empresa voltou atrás na afirmação e informou que "acredita" que a mancha encontrada no parque nacional possa fazer parte dos resíduos da mineiradora.

“O material observado na região sul da Bahia é uma parte diluída da pluma, misturada aos sedimentos da foz do Rio Caravela e demais sedimentos da região, que foram revolvidos em função de um fenômeno climático raro, que ocasionou fortes ressacas ao longo da costa capixaba e parte do litoral baiano”, reconheceu a mineradora, em nota.

Em entrevista coletiva concedida em Brasília, Marilene disse que a mancha foi observada em sobrevoo da equipe do instituto na região. Diante da constatação, a diretora informou que o Ibama já notificou a Samarco para que inicie imediatamente coletas de amostras da água, desde o norte de Abrolhos, até a foz do Rio Doce, para confirmar a origem do material.

A Samarco, na nota, garante que “tem realizado, semanalmente, o monitoramento das praias na região da foz do Rio Doce, não encontrando nenhum resultado de metal fora dos padrões”.

Procurado, o governo da Bahia informou que ainda não foi notificado pelo Ibama, nem pelo Ministério do Meio Ambiente, a respeito da mancha que já atinge a região.

Análise

Marilene destacou que a presença do material impacta toda a costa, que é rica em corais. “Se a água for mais cristalina os corais se reproduzem, quando aumenta a turbidez, mesmo que não nos níveis da foz do Rio Doce, há prejuízo para vida marinha e para os municípios costeiros, que ostentam uma qualidade de praia invejável”.

Segundo a diretora, apesar do resíduo no litoral norte do Espírito Santo, as análises não detectaram substâncias tóxicas nesta porção do mar. “Obviamente, nas zonas onde a turbidez é elevada, não é recomendável o banho”, destacou. Entretanto, ela disse que não há orientação para interdição das praias e que esta é uma questão que deve ser resolvida “caso a caso”.

De acordo com Marilene, em torno de 60 quilômetros de praia, há “altíssima turbidez”, não dando “nenhuma condição de balneabilidade”. O presidente do Instituto Chico Mendes, Cláudio Carrera Maretti, que também participou da entrevista, disse que a condição natural da área afetada jamais será a mesma.

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