Secretário reconhece falha da PM e promete mais rigor neste sábado

Alessandra Mendes e Sara Lira - Hoje em Dia
14/06/2014 às 08:01.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:00
 (Samuel Costa/Hoje em Dia)

(Samuel Costa/Hoje em Dia)

Os danos causados por vândalos no protesto que marcou o primeiro dia da Copa do Mundo em Belo Horizonte foi resultado de uma falha da Polícia Militar. E isso não deve mais ocorrer. A avaliação é do próprio secretário de Estado de Defesa Social, Rômulo Ferraz. “Acabou havendo uma dispersão desses manifestantes e a polícia não teve, naquele momento, a mobilidade e a agilidade necessárias para conter os danos”, explicou.   Em uma reunião com representantes das polícias Militar e Civil e do Ministério Público, na última sexta-feira (14), ficou acertado que os policiais terão uma postura “de mais iniciativa” durante os protestos marcados para este sábado (14).    “A polícia não vai ficar mais meramente esperando a ação dos manifestantes. Vai ser mais rígida e ágil. Vamos aumentar muito as prisões e fazer um esforço para que estas pessoas fiquem detidas”, afirmou Ferraz.   ENQUADRAMENTO   Para que isso ocorra, quem for preso deve ser enquadrado em crimes mais graves, que não permitem a soltura no mesmo dia. “A estratégia é a mesma adotada no feriado de 7 de setembro, no ano passado. Os envolvidos vão responder por furto qualificado e formação de quadrilha ou bando”, revelou o secretário de Defesa Social ao Hoje em Dia. Para garantir a legalidade das ações, dois promotores foram designados para acompanhar o processo, ainda segundo o secretário Rômulo Ferraz.   ATENÇÃO REDOBRADA    De acordo com o chefe de comunicação da PM, tenente-coronel Alberto Luiz, no protesto marcado para este sábado (14), na Praça 7, a estratégia é ter dois militares para cada manifestante.   A Polícia Civil também está de olho em quem extrapolar o direito de protesto e partir para a depredação e o crime. Na quinta-feira, o serviço de inteligência monitorou a movimentação dos manifestantes desde as primeiras horas da manhã.   Seis pessoas suspeitas de virar um viatura em frente ao Detran foram identificadas, sendo que um delas, uma estudante de relações públicas de Recife (PE), foi detida na última sexta-feira (14). Outras três, flagradas em outros atos de violência, estão presas em Ceresps de BH.   Segundo a Secretaria de Defesa Social, a polícia deve ser ainda mais rigorosa com relação a xingamentos. Casos de desacato não serão tolerados.   “Essa ação que a tropa vai adotar nos próximos dias tem o respaldo absoluto da Secretaria de Defesa Social e do comando da Polícia Militar”, garante Rômulo Ferraz.   Detran confia na atuação da polícia   Depois da confusão em frente ao Detran, na quinta-feira, quando uma viatura foi virada, o órgão rejeitou a possibilidade de instalação de tapumes para proteger o prédio, confiando na atuação da Polícia Militar. O prédio teve 27 vidros quebrados.   Durante a Copa, a delegacia de plantão vai funcionar na unidade de Furtos e Roubos, no Barro Preto, região Centro-Sul da capital. A justificativa é a de que o acesso ficará mais fácil para a PM entregar as ocorrências. O Detran continua funcionando no mesmo local.   A direção da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL), que também foi atingida por pedras lançadas por manifestantes, preferiu manter a fachada livre, sem tapumes, sob a justificativa de que a responsabilidade da segurança é da PM.   MOBILIZAÇÃO   Em nota divulgada em uma rede social, o Comitê Popular dos Atingidos pela Copa (Copac) 2014, que organizou o protesto realizado na última quinta-feira em Belo Horizonte e outras capitais, repudiou a violência policial e justificou que alguns manifestantes agiram com mais fervor “em resposta à ação da PM”. O grupo ainda convocou a população a continuar se manifestando.    “Nosso maior problema não é apenas com os gastos públicos em uma Copa, da FIFA, mas a forma como foi conduzida, violando direitos da população há quatro anos e instaurando no país um estado de exceção”, diz a nota.   O comitê diz, ainda, ser contra a violência. “Para nós, essa Copa é violenta. Até hoje, tem gente sem casa, sem trabalho e presa por lutar. Nós queremos a paz, mas não existe paz sem voz. Por isso, reafirmamos a necessidade de ocuparmos as ruas durante a Copa e convocamos todos e todas para estarem juntos conosco porque para transformar o país não adianta torcer”, complementa o texto.

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