Segunda-feira de Carnaval na capital mineira

Hoje em Dia
03/03/2014 às 07:41.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:23

Escolas de samba e blocos caricatos desfilam nesta segunda-feira na avenida Afonso Pena. Logo depois de retiradas as barracas da Feira de Artesanato, no domingo, arquibancadas foram armadas às pressas pela Prefeitura de Belo Horizonte. É mais um dia de feriado não declarado para centenas de milhares de pessoas, num ano repleto de dias de lazer que, no passado, eram considerados “dias úteis”.

Não se viu, num ano marcado também por protestos de ruas, ninguém reclamando dessa parada no comércio, nos bancos, nos serviços públicos, por causa do Carnaval. Mas, há uma semana, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, divulgou estudo, calculando em R$ 45,5 bilhões as perdas da indústria brasileira com os oito feriados nacionais e 30 estaduais que, neste ano, caem fora dos fins de semana.

O estudo, que prevê para as indústrias localizadas em Minas perdas de R$ 4,5 bilhões com o que deixam de produzir nos feriados, não leva em conta os que serão decretados por causa da Copa do Mundo. A perda é maior em São Paulo, onde pode chegar a R$15,6 bilhões, e no Rio de Janeiro, a R$ 5,5 bilhões.

É possível que haja exagero nesses cálculos. Além disso, seriam prejuízos de um dos setores da economia. Há outros, no entanto, como o turismo, que lucram com os feriados. E, afinal, é muito própria dos brasileiros a antiga expressão “pernas para o ar que ninguém é de ferro”.

Na história brasileira já houve algumas tentativas para reduzir o número de feriados. Em 1949, o presidente Eurico Gaspar Dutra sancionou lei aprovada pelo Congresso Nacional limitando em sete por ano o número de feriados religiosos decretados pelas prefeituras. Em 1995, o presidente Fernando Henrique Cardoso baixou para quatro o número de feriados municipais religiosos, incluindo a Sexta-Feira da Paixão. No mais, só haveria um feriado estadual – o da “data magna do Estado” – e aqueles declarados em lei federal.

Não há leis declarando segunda-feira da semana do Carnaval um feriado, mas aos poucos esse dia vai sendo engolfado naquela categoria bem brasileira do “feriadão”. É uma tendência que parece irreversível e que tem uma justificativa econômica. Com o avanço tecnológico, cada vez mais haverá necessidade de trabalhar menos horas para produzir os mesmos bens.

O economista Nicola Cacace verificou que há um século o número de italianos empregados era de 15 milhões e cada um trabalhava em média 3.100 horas por ano. Hoje são 20 milhões, que trabalham em média 1.750 horas por ano e, graças à ajuda das máquinas, produzem 13 vezes mais. Ele acredita que o mesmo ocorreu em todos os países industrializados.

Para não criar desemprego em massa, ou se reduz a jornada de trabalho ou se aumenta o número de dias dedicados ao ócio. De preferência, ao ócio criativo. E o Carnaval se presta a isso.
 

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