Segurança reforçada para blindar Cemitério do Bonfim contra ladrão

Letícia Alves - Hoje em Dia
26/08/2014 às 07:24.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:56
 (Carlos Rhienck/)

(Carlos Rhienck/)

Para impedir a contínua depredação de um dos principais patrimônios históricos e religiosos de Belo Horizonte, a Fundação Municipal de Parques pretende transformar o cemitério do Bonfim, na região Noroeste, em uma verdadeira fortaleza. Está em análise a possibilidade de aumentar o muro e de instalar segurança eletrônica – 30 câmeras e sensores de presença.

Os motivos do forte investimento são o vandalismo e os roubos. As peças de bronze, entre elas imagens, inscrições e placas de túmulos, são as mais cobiçadas.

A facilidade de acesso e a grande quantidade do material, explica o gerente do cemitério, Marcos Alexandre Faustino, atraem ladrões. O quilo do bronze é vendido no mercado clandestino por cerca de R$ 6. As peças de mármore, como cruzes e vasos, também são retiradas, mesmo sem valor comercial.

Segundo funcionários, os pontos mais visados do cemitério ficam próximos aos muros, pois facilita a fuga. Os larápios usam também outros tipos de táticas.

Eles se passam por visitantes, e os roubos quase sempre não são notados. O que poderia inibir esse tipo de ação é a instalação das câmeras no cemitério, que tem uma área de 180 mil metros quadrados, dividida em 54 quadras.

A ampliação do muro depende de autorização do Instituto Estadual do Patrimônio Artístico de Minas Gerais (Iepha), pois o Bonfim é tombado. Representantes do órgão se reuniram nessa segunda-feira (25) com membros da Fundação Municipal de Parques para tratar do assunto. Até as 20h15, não havia resposta sobre a autorização.

Enquanto a questão da segurança não é resolvida, quem mantém jazigos costuma ser surpreendido. A aposentada Cecília Gil Machado Simões lamenta o furto de dois crucifixos de bronze, nos túmulos do marido e da tia.

No de outro parente, o nome quase não é visível porque as letras foram arrancadas. Devido à insegurança, ela não pensa em substituir as peças. “Deixamos só a cruz porque não adianta colocar mais coisas”.

Foto: Cruz de granito foi destruída em túmulo do Bonfim. Crédito: Carlos Rhienck

Solução

Para o gerente do cemitério, as intervenções propostas irão diminuir os crimes. “Vão inibir um pouco porque poderemos focar nos pontos críticos”, disse Marcos Faustino. Não há expectativa de implantação do sistema eletrônico.

Além dessas ações, o trabalho da Guarda Municipal, de acordo com Faustino, tem resultado na recuperação de algumas peças. No mês passado, três foram devolvidas às famílias. Nessa segunda (25) à noite, quatro crucifixos e uma imagem de Nossa Senhora Aparecida também foram encontrados após denúncia.

Segundo a assessoria de imprensa da guarda, a vigilância no cemitério é 24 horas. O patrulhamento é realizado na área externa e interna. Além de quatro guardas, um funcionário da prefeitura contribui com a segurança noturna.

Da inauguração aos dias atuais

O Cemitério do Bonfim foi aberto no fim do século 19, em 1897, dez meses antes da inauguração oficial da cidade.

O projeto, chefiado pelo engenheiro Aarão Reis, tinha como objetivo romper como modelo colonial. O espaço foi tombado em 1977.

Desde 2012, são realizadas visitas guiadas, gratuitas. São mostrados os aspectos históricos, artísticos e arquitetônicos, além de curiosidades sobre personalidades sepultadas no local.

As visitas podem ser agendadas pelo telefone (31) 3277-5398.

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