Selfie e sequência de erros causaram morte de jovens por afogamento na Serra do Cipó

Anderson Rocha
16/07/2019 às 12:55.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:33
 (Divulgação/ Corpo de Bombeiros)

(Divulgação/ Corpo de Bombeiros)

Uma sequência de erros durante um passeio pela cachoeira da Farofa, na Serra do Cipó, região Central do Estado, no último domingo (14), acabou por tirar a vida de Ismael Elias Maia, de 26 anos, e Victor Kennedy Almeida Afonso Pena, de 27. Um terceiro jovem, amigo das vítimas, chegou a buscar socorro, mas não houve o que fazer. 

Era fim de tarde quando um dos jovens decidiu tirar uma selfie em uma das pedras da cachoeira. Ao buscar o melhor ângulo, o rapaz se desequilibrou, escorregou, e caiu no poço. Rapidamente, o amigo pulou para tentar salvá-lo e ambos, que não sabiam nadar, foram puxados para o fundo da cachoeira.

Na análise do subtenente do Corpo de Bombeiros que atuou no salvamento, Welington Alexandre Silva, tentar fazer fotos de si mesmo em locais inseguros, como penhascos, tem causado cada vez mais acidentes fatais, uma vez que o indíviduo perde a atenção ao focar-se na imagem da tela.

"Nosso bem mais valioso é a vida. Não podemos colocá-la em risco por causa de uma simples selfie. Muitos acidentes têm ocorrido por essa razão", afirma Welington. Outro erro apontado pelo militar está na tentativa de salvamento por pessoa inabilitada, como o que ocorreu nesse domingo. O terceiro amigo se salvou pois, ao invés de pular na água, foi à portaria da cachoeira pedir ajuda.   

"Mesmo que você saiba nadar, não entre na água para salvar alguém que está se afogando. Por instinto, essa vítima irá se agarrar em você e puxá-lo para baixo", orienta. O ideal, em casos como esse, é lançar objetos flutuantes na água para que a pessoa se agarre. 

Raio-x dos acidentes com água em Minas

  • 2018: 900 ocorrências em cachoeiras, lagoas e rios;
  • 2019: 440 atendimentos do mesmo tipo até o momento;
  • As vítimas têm entre 20 e 40 anos;
  • 12 minutos é o tempo que o corpo apaga para proteger os órgãos após a submersão;
  • 30 minutos é o prazo para a constatação de morte cerebral


De acordo com o Corpo de Bombeiros, cada corpo reage diferentemente ao afogamento, mas há casos de pessoas que foram retiradas da água após uma hora e voltaram à vida após massagens de ressuscitação. Algumas tiveram sequelas e outras não. 

O que fazer 

Para evitar que o período de descanso seja interrompido por uma tragédia ou por um acidente grave, o Corpo de Bombeiros tem orientações simples, mas valiosas: 

- escolha um local seguro, dando preferência para lugares que tenham bombeiros militares ou salva-vidas realizando a supervisão dos banhistas;
- as lagoas e os rios são os locais em que mais acontecem afogamentos em Minas Gerais. Esses balneários possuem características específicas que potencializam as chances de acidentes. A água turva ou escurecida de lagoas e cachoeiras pode esconder riscos para os banhistas;
- ao nadar em lagos, é preciso tomar cuidado com objetos que estejam submersos;
- em cachoeiras, o desnível de uma pedra para outra também pode ser um perigo;
- ao avistar uma pessoa se afogando, o mais correto é buscar ajuda de um serviço de emergência;
- caso a pessoa não tenha capacitação para realizar um salvamento, a orientação é que jamais o faça. No máximo, ofereça um objeto flutuante para que a vítima possa se apoiar;
- não nade após a ingestão de bebidas alcoólicas;
- ao presenciar um afogamento, ligue imediatamente para o telefone 193.

O Corpo de Bombeiros continua em alerta para as ocorrências desta natureza e orienta a população a adotar as medidas básicas de prevenção.

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