(Marcelo Casal Jr/ Agência Brasil)
De imediato, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está mantido para novembro deste ano. Nesta quarta-feira (13), o presidente Jair Bolsonaro disse que a aplicação das provas pode até atrasar, mas será feita ainda em 2020. Pedidos de adiamento do teste, devido à pandemia do novo coronavírus, têm sido frequentes por parte de alunos, pais e educadores.
Uma das questões destacadas por quem é contra a realização do Enem é a defasagem das escolas públicas. Nesta terça, o Estado informou que as aulas a distância começam na semana que vem, mas, para muitos educadores milhares de estudantes já tiveram o aprendizado comprometido com a suspensão das aulas presenciais.
Para a doutora em educação pela UFMG Analise da Silva, a manutenção do exame em 2020 aumenta a desigualdade entre os concorrentes. “Isso é uma questão de justiça social (adiamento). Os pobres não têm ambiente de estudo em casa, não têm internet, não têm acesso a livros, as bibliotecas públicas estão fechadas”, afirma.
Nas instituições privadas não há um consenso, conforme o Sindicato das Escolas Particulares (Sinep-MG). Para alguns educadores, manter a prova pode privilegiar candidatos com melhores condições financeiras. Outros sugerem que o teste seja aplicado em datas diferentes e há ainda os defendam que a manutenção para não prejudicar alunos que seguem firmes com os estudos.
"As opiniões são divergentes e, como representamos milhares de escolas, não é possível se posicionar de forma consensual", afirma Zuleica Reis, presidente do Sinep. O sindicato orienta às instituições fazer "o possível para garantir a aprendizagem dos estudantes".
"As instituições de ensino são livres para adotar a metodologia que achar mais adequada para o ensino e aprendizagem. Todas as escolas e educadores foram pegos de surpresa com a pandemia", ressaltou.
Outros problemas
Além da pandemia, o Movimento Pais e Avós Sentinelas pela Qualidade na Educação lembra que os alunos de escolas públicas enfrentaram outros problemas neste ano, como as fortes chuvas e greves.
“Tem que adiar o mais rápido possível e tratar de uma forma de amenizar o sofrimento dos estudantes. O Enem visou a dar o mais pobre a mesma condição dos ricos, mas não é isso que a gente observa”, diz o presidente do grupo, Mário de Assis.
Marcelo Casal Jr/ Agência Brasil
Mandado de segurança
A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) entraram com um mandado de segurança no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para pedir o adiamento do Enem. O processo foi protocolado na segunda-feira (11). As instituições alegam que a manutenção das datas é injusta.
Desde a divulgação do cronograma do exame pelo Ministério da Educação (MEC), a UNE e a Ubes lançaram a campanha #AdiaEnem. A petição on-line conta com quase 160 mil assinaturas.
Inep
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, porta-voz do MEC sobre o Enem, admitiu a possibilidade de adiar o exame. Mas, se acontecer alteração na aplicação do teste, a decisão não será tomada nos próximos dias.
Inscrições
As inscrições para a prova começaram nesta segunda-feira (11) e vão até 22 de maio. Elas poderão ser feitas por meio da página do Enem na internet (clique aqui). As provas impressas estão previstas para 1º e 8 de novembro, e as digitais, para 22 e 29 de novembro.