Sem manutenção, travessias no Anel Rodoviário colecionam armadilhas para pedestres

Raul Mariano
rmariano@hojeemdia.com.br
17/09/2018 às 06:00.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:29
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

A falta de manutenção nas passarelas do Anel Rodoviário de Belo Horizonte tem colocado centenas de pedestres em risco. No trecho da rodovia que vai do bairro Olhos d’Água, na região Oeste, ao Maria Goretti, na Nordeste, a maioria das 23 travessias apresenta alguma marca de vandalismo ou abandono. 

Além das pichações, presentes em praticamente todas as estruturas, há vários locais com lâmpadas destruídas, o que, segundo usuários, torna ainda maior a sensação de insegurança quando anoitece. 

Os transtornos não param por aí. Imprudentes, motociclistas transformam os espaços em viadutos. Também há escadas que tiveram parte dos degraus consumidos pela ferrugem, com buracos que podem se transformar em verdadeiras armadilhas principalmente para idosos e crianças. 

Exemplo

É o caso da passarela do bairro Betânia, na zona Oeste, onde todos os problemas podem ser observados. Quem caminha pelo local alega que assaltos já se tornaram recorrentes. “Nos sentimos impotentes. Foram anos para conseguir essa obra, mas hoje ela está depredada e esquecida pelas autoridades. À noite, tudo fica escuro, tem usuários de drogas e muitos roubos”, afirma o técnico de segurança do trabalho Gilmar Pereira, de 33 anos, morador da região.

Descaso

A poucos quilômetros dali, a situação se repete na travessia do bairro São Francisco, na Pampulha. Feita de concreto, a passarela parece, de longe, ser totalmente segura. Mas de perto é possível ver que a estrutura desgastada pelo tempo, com as ferragens à mostra, precisa de manutenção urgente.

Em um trecho localizado exatamente acima da pista por onde trafegam os carros e caminhões, o guarda-corpo está quebrado e foi substituído por um simples pedaço de arame.

A diarista Cleide Crispim, de 47 anos, afirma que a “gambiarra” foi feita há muito tempo e que, mesmo passando por lá diariamente, nunca presenciou manutenção ou obra de melhoria. “Eu sinto uma vertigem toda vez que passo por aqui. Mais cedo ou mais tarde alguém cai lá embaixo”.

Por nota, a Polícia Militar informou que o patrulhamento das passarelas e adjacências é feito diariamente pelas equipes que atuam no Anel Rodoviário. A corporação garantiu, ainda, que os motociclistas flagrados transitando nas passarelas são penalizados com multa de R$ 880,41, além de cinco pontos na carteira de habilitação. A PM afirmou monitorar também pedestres que atravessam a rodovia fora das estruturas.

Edificações provisórias sem prazo para serem substituídas

A indefinição a respeito das melhorias nas passarelas do Anel Rodoviário também incomoda os usuários. Nem mesmo as travessias recentes, edificadas de forma paliativa, têm previsão de conclusão.

A passarela provisória construída na altura do viaduto São Francisco chama a atenção. Erguida para ser uma alternativa temporária, ela deve permanecer por lá “até que seja realizada a obra de revitalização do Anel Rodoviário”, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). 

O órgão afirmou, em nota, que, após as obras, a construção de uma nova estrutura poderá deixar de ser necessária. Questionado sobre a manutenção nas demais travessias, o departamento respondeu que “está em estudo a contratação de empresa para realizar a revitalização de todas elas”.

A Via 040, concessionária responsável pela administração de aproximadamente 10 quilômetros do Anel Rodoviário, disse que, por contrato, cuida de apenas quatro edificações da rodovia.

Segundo a empresa, quando identificada a necessidade de manutenção, “são realizados serviços como pintura, reparo e fixação de guarda-corpo, além de limpeza, recolhimento de lixo e capina do entorno dos dispositivos”.

Bem público 

A concessionária afirmou que a passarela do bairro Betânia “é um bem público” instalado pela Prefeitura de Belo Horizonte antes da concessão. Segundo a empresa, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) teria, inclusive, sido notificada pela Via 040 sobre a conservação do equipamento.

Por nota, a PBH informou que a estrutura foi uma demanda atendida com o Orçamento Participativo e que “os reparos que se fizerem necessários entrarão na programação de execução”.

 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por