Sem medidas emergenciais prometidas, fogo avança em áreas verdes

Ricardo Rodrigues - Hoje em Dia
21/10/2015 às 06:58.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:09
 (Editoria de Arte)

(Editoria de Arte)

O plano emergencial estava pronto. O recurso, liberado. Mas nessa terça (20), um dia após o governo do Estado anunciar R$ 8 milhões para conter incêndios florestais, nenhuma medida havia sido implementada. Dezenove focos de incêndio eram combatidos em 11 áreas de preservação ambiental, espalhadas por 23 municípios.

Dentre os itens de contingenciamento prometidos estão a locação de caminhões-pipa com canhões d’água e aeronaves especiais, capazes de agir diretamente nas chamas. E é justamente o reforço aéreo que mais tem feito falta.

No Parque Nacional da Serra do Cipó, uma das áreas turísticas mais visitadas do Estado, na região Central, a vegetação de Cerrado, Mata Atlântica e campos rupestres era consumida há quatro dias. Na reserva de mais de 33 mil hectares, eram dezenas de focos de incêndio, o que impossibilitou o único helicóptero disponível agir em todos os locais.

“Só a pé, a cavalo ou de helicóptero é possível chegar às linhas de fogo”, afirmou o chefe do parque, Flávio Lúcio Braga Cerezo. Ele explicou que as chamas se concentraram na parte alta, bem no interior da área verde, onde não há acesso por rodovia ou estrada. “Só por aeronave”, ressaltou. Sobre o incêndio na Serra do Cipó, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
(Semad) informou ter disponibilizado um helicóptero de apoio, deslocado pela força-tarefa Previncêndio.

Quanto às medidas emergenciais anunciadas na segunda-feira, logo após o governador Fernando Pimentel decretar situação de emergência, a assessoria de imprensa do órgão não soube explicar porque nenhuma das ações foi agilizada. Mais uma vez, não foram disponibilizadas autoridades para falar com a reportagem.
 


HÉRCULES

Uma alternativa do Estado seria contratar junto à Força Aérea Brasileira (FAB) os aviões Hércules C-130, que têm capacidade para lançar até 12 mil litros de água de uma só vez no foco de incêndio. O volume é 17 vezes superior ao transportado por helicópteros Esquilo, modelo previsto no plano de emergência. O governo informou apenas que avalia a contratação do Hércules.

A aeronave da FAB foi usada em combate a incêndio, pela última vez, em abril, quando uma refinaria pegou fogo no porto de Santos (SP). O helicóptero lançou um pó químico.

Nessa terça, 35 homens, entre brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e voluntários, trabalharam com o auxílio da aeronave do Previncêndio. “Na Serra dos Alves, o pessoal está conseguindo dar combate e controlar as linhas de incêndio. No caso do rio da Garça, temos muita fumaça e várias linhas de fogo. Não conseguimos utilizar aeronaves, pois não há teto”, afirmou o chefe do parque, Flávio Cerezo.

Apesar de os focos estarem longe da sede, o parque precisou ser fechado ao público. Pontos importantes de visitação foram atingidos, como as regiões dos Currais, o alto do Canyon das Bandeirinhas, João Fernandes, Rio da Garça e Casa de Tábua.

NORTE DE MINAS

O Norte de Minas é a região mais prejudicada pelas queimadas. Áreas de Proteção Ambiental em Bonito de Minas foram as mais destruídas pelas chamas. Para piorar, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu “alerta vermelho” para a localidade, onde a umidade relativa do ar está abaixo de 12%.

O alerta representa risco extremo de incêndios florestais e à saúde. Na região Central, o alerta é laranja, com forte calor e umidade variando entre 12% e 20%.

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