Sem obras para conter alagamentos, BH pode ter avenidas interditadas em dias de chuva

Izabela Ventura - Hoje em Dia
14/10/2013 às 14:59.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:19
 (Eugênio Moraes/Arquivo Hoje em Dia)

(Eugênio Moraes/Arquivo Hoje em Dia)

Distante da conclusão de obras estruturais efetivas para evitar tragédias no próximo período chuvoso, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) apela aos moradores de áreas de risco. Nesta segunda-feira (14), na primeira reunião do Grupo Executivo de Áreas de Risco (Gear), autoridades defenderam a autoproteção e a proteção comunitária como forma de amenizar perdas materiais e humanas nas enchentes. Uma das medidas propostas foi o fechamento de ruas e avenidas com histórico de alagamentos na cidade.

O Gear, composto por autoridades de diversas secretarias e órgãos públicos, se reunirá semanalmente, nos próximos seis meses, para definir ações em áreas de risco. O coordenador municipal da Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, destacou o sucesso de alertas emitidos pelo sistema, por meio de redes sociais.

No entanto, para o vice-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil/Departamento Minas Gerais (IAB/MG), Sérgio Myssior, os conceitos de autoproteção e atenção aos alertas são uma forma de transferir a responsabilidade do governo para os habitantes.

Myssior avalia que obras estruturais não foram feitas em tempo na capital, como bacias de detenção e remoção de famílias de áreas de risco. “Como em qualquer situação emergencial, a população deve estar instruída. Mas em BH, são recorrentes problemas relacionados à drenagem urbana, que deveriam ter sido corrigidos no período de estiagem”, afirma.

O especialista lembra que muitas famílias moram em ocupações irregulares em áreas de inundações, e que a remoção delas é de suma importância. O prefeito de BH, Marcio Lacerda, exigiu que o governo do Estado autorize a Polícia Militar (PM) a fazer reintegração de posse já autorizada pela Justiça; o que não resolve o problema, segundo Myssior.

“Ninguém mora nesses lugares por opção. É preciso traçar políticas consistentes para realocar essas famílias e dar a elas oportunidades para conseguirem habitações dignas”, acrescenta.


Investimentos

O coronel Alexandre Lucas cobrou ações educativas para a população se conscientizar a não jogar lixo nas ruas, que podem entupir bocas de lobo. “Também precisamos de mais participação dos gestores nas reuniões e manutenção da cultura sistêmica de proteção civil com os novos secretários”, disse.

Já Marcio Lacerda, justificou a ausência de obras importantes na cidade, como nas avenidas Francisco Sá, Prudente de Morais e Cristiano Machado, com a burocracia do governo federal. “Entre o anúncio da intenção do governo em conceder o financiamento, e a assinatura do contrato, leva 18 meses,”, informou.


Números

Mais de 2.670 casas em situação de risco alto e muito alto ainda existem em Belo Horizonte, segundo a última atualização do sistema da PBH, de 2011

Cerca de 461 milhões de reais serão investidos em obras de combate a enchentes em BH, dinheiro arrecadado no início deste mês em contratos da PBH com o Ministério das Cidades e a Caixa Econômica Federal.

Nos próximos seis meses, serão realizadas obras em córregos e construídas unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida. Entre obras concluídas, em andamento e futuras, já foram investidos R$ 2,2 bilhões

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por