Sem padrão: auditoria aponta que estruturas para ciclistas em BH são discrepantes

Raul Mariano
14/11/2019 às 08:34.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:41
 (Riva Moreira)

(Riva Moreira)

As ciclovias da capital mineira estão longe de oferecer o conforto e a segurança necessários a quem optou pela bicicleta para se locomover. É o que aponta auditoria realizada pela Associação dos Ciclistas Urbanos (BH em Ciclo), depois de percorrer todos os 89 quilômetros dos espaços específicos para pedalar na cidade. 

Por meio da aplicação do Índice de Desenvolvimento Cicloviário de Belo Horizonte (Ideciclo), que varia entre 0 e 1, o grupo constatou que a metrópole alcançou a pontuação de 0,024. Desempenho pior do que São Paulo e Recife, metrópoles que fizeram a mesma medição. 

Os parâmetros avaliados incluíram, dentre outros fatores, a declividade, qualidade do piso, o sombreamento e existência de obstáculos. Nos extremos, a estrutura da avenida Tancredo Neves, na Pampulha, foi a que reuniu a maior quantidade de falhas. Já a da Bernardo Monteiro, na região Centro-Sul, foi classificada como a melhor para pedalar. Riva Moreira/Hoje em DiaPIOR – Estrutura da avenida Tancredo Neves foi considerada a que tem mais falhas 

No primeiro caso, a ciclofaixa em uma via de 60 quilômetros por hora (km/h) é considerada inadequada, frisa Guilherme Tampieri, membro da BH em Ciclo e um dos autores do estudo. “Além disso, a declividade é altíssima, o que atrapalha na subida. Como se não bastasse, a largura está abaixo do ideal e o sombreamento é inexistente, não há árvores”.

“Já na Bernardo Monteiro há uma estrutura segregada, o que é o recomendado para uma via com velocidade de 60km/h. Outro aspecto é que ela é plana, tem boa sinalização horizontal e vertical, assim como largura adequada para o fluxo”.N/A / N/A

MELHOR - Na Bernardo Monteiro, plana e bem sinalizada 


Investimento

Professor do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da UFMG, Leandro Cardoso afirma que a estrutura planejada para ciclistas na metrópole carece de muito investimento. “Temos cerca de 80 km de ciclovias, sendo que a proposta original era de cerca de 400 km. O pouco que foi feito é insatisfatório, falta conexão em vários trechos”. 

Para o especialista, o levantamento da associação pode ajudar na detecção de problemas e apontar correções necessárias para melhorar a cidade. “Não há dúvida de que se houver compromisso do poder público em fazer essa manutenção, podemos acabar com essa discrepância de qualidade entre as estruturas”, completa o docente. 

Por nota, a BHTrans informou que elaborou, em parceria com os ciclistas da capital, auditoria própria das rotas da cidade, “constatando que há problemas relacionados à sua manutenção na grande maioria delas. Há um esforço constante por busca de recursos para sanar os problemas existentes”. 

No entanto, reforça a empresa que gerencia o tráfego da cidade, a inclusão da bicicleta no Plano de Mobilidade de BH foi “muito bem avaliada” em um site produzido  por outras organizações de ciclistas. No outro ranking elaborado, diz a BHTrans, a metrópole aparece “em segundo lugar com a nota 8,44”.

Segundo o órgão, 22 km de infraestrutura cicloviária nos grandes corredores do município serão contemplados ainda no primeiro semestre de 2020.

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