TUMIRITINGA – Famílias de produtores rurais sem-terra interditaram onesta terça-feira (30) a estrada de ferro Vitória-Minas, em Tumiritinga, no Vale do Rio Doce. O bloqueio durou 40 minutos e foi feito para demonstrar a intenção dos manifestantes de não cumprir a ordem de reintegração de posse em favor da Fibria Celulose, arrendatária dos 570 alqueires ocupados em julho do ano passado. O trem de minério parado foi liberado com a chegada da 5ª Companhia de Missões Especiais da Polícia Militar (5ªCia.Mesp). Cerca de 600 famílias sem-terra formam o acampamento Boa Esperança, margeado pela ferrovia. Além da barreira humana, formada também por mulheres e crianças, eles levaram abóbora, milho, quiabo e hortaliças para a área do protesto. “Estamos fazendo essa terra produzir e já vendemos o excedente na cidade. Não temos outra opção de trabalho e nem para onde ir. Não vamos sair daqui”, avisou o sem-terra Mazinho Ferreira. Segundo o acampado, o Estado prometeu vistoriar 270 áreas para fins de reforma agrária este ano e não fazer despejos antes disso. Uma reunião estaria agendada para o dia 8 deste mês em Belo Horizonte e, posteriormente em Brasília, para discutir os resultados desse levantamento. “Essa terra estava ociosa, mas agora 600 famílias sobrevivem dela. Não vamos desistir”, avisou. No acampamento funciona uma escola estadual e um posto de saúde. Na manhã desta terça-feira, enquanto policiais fortemente armados garantiam o tráfego na linha férrea, lideranças do acampamento se reuniaram com representantes do Poder Judiciário e o comando PM em Conselheiro Pena. Ao final, os sem-terra ganharam prazo de 30 dias para desocuparem a propriedade. Apesar das várias intervenções, o tenente-coronel Wagner Fabiano dos Santos, classificou a operação como tranquila. “Mas se ocuparem a linha novamente, vamos fazer cumprir a lei que proíbe a sua obstrução”, avisou o policial. Em Tumiritinga estão instalados dois assentamentos de sem-terra – o 1º de Junho (1992) e o Terra Prometida (2000) – e dois acampamentos. Um é o Sebastião Moreira, de onde várias famílias remanescentes saíram para formar o Boa Esperança.