Simulado de rompimento de barragem em Barão de Cocais é concluído em 32 minutos; confira o vídeo

José Vítor Camilo
25/03/2019 às 16:30.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:57
 (DEFESA CIVIL / DIVULGAÇÃO)

(DEFESA CIVIL / DIVULGAÇÃO)

Foram necessários 32 minutos para que toda a população das áreas secundárias de risco de Barão de Cocais, na região Central do Estado, conseguissem evacuar suas casas. O tempo está dentro do esperado, já que, em caso de rompimento da barragem Sul Superior, na mina Gongo Coco, a lama levaria 1h12 minutos para atingir a população da cidade. O simulado teve início às 16h em ponto, confome planejamento da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec). Apesar disso, a população segue insegura, já que parte deles sequer ouviu as sirenes dos carros de som, tendo deslocado para os pontos de encontro somente por já saberem que o simulado aconteceria nesse horário. 

Os carros de som passaram pelas ruas do município com sirenes e orientando a população que está na área de risco que se tratava de um simulado. Placas e panfletos já haviam indicado para quais locais os moradores deveriam ir após deixarem suas casas. A simulação foi marcada para esta tarde após a elevação para nível 3 de risco - quando há risco iminente de rompimento - da barragem na noite da última sexta-feira (22). 

O prefeito da cidade, Décio Geraldo dos Santos (PV), está acompanhando os trabalhos no ponto de encontro 1, onde há um maior número de pessoas previstas. "Ainda não temos nenhum número, mas o que deu para perceber é que a população realmente aderiu, viu a necessidade de passar por esse treinamento. A primeira avaliação é que foi muito legal. E esse simulado é para isso, para vermos as dificuldades e termos como consertar antes de qualquer emergência. Por exemplo, vimos que precisamos melhorar a mensagem do carro de som, que ficou pouco audível", argumenta. 

Santos diz ainda ter conversado diretamente com o coordenador da Defesa Civil Estadual, tenente-coronel Flávio Godinho, e dito que não admite nenhuma morte na cidade. "Estamos caminhando para isso, mas ele (tenente-coronel) me garantiu que só sairá de Barão de Cocais depois que todas as pessoas estiverem treinadas e aptas para sobreviver em caso de uma tragédia", finalizou o prefeito. 

O problema com as caixas de som também foi percebido pela população da cidade. Segundo uma moradora da zona secundária de risco, que participou da simulação e não quis ser identificada, não foi possível ouvir a sirene da casa onde vive. "Acho que foi insuficiente, pois nem ouvimos as sirenes direito. Só escutei por já estar na rua na hora combinada, como sabíamos do treinamento. O carro nem sequer passou na minha rua e eu e os vizinhos começamos a ir para o ponto de encontro", reclamou a mulher, que vive em uma área próxima ao rio Santa Bárbara. 

A informação de que o simulado foi cumprido em 32 minutos foi comemorada pela população em um dos pontos de evacuação. Ao fim do simulado, o tenente-coronel Godinho conversou com a população e explicou qual seria o procedimento se não fosse uma simulação. "Hoje eu saio daqui muito feliz e realizado pelo trabalho que a gente tem feito. Não é o ideal, mas conseguimos fazer isso com 32 minutos. Se fosse uma situação real, vocês que estão aqui seriam embarcados em ônibus e cada núcleo familiar iria para um hotel. Com certeza não seria em Barão de Cocais, por não existirem mais vagas", disse. 

O coordenador da Cedec aproveitou para agradecer a população pelo trabalho conjunto. "Queria agradecer a todos por confiarem na gente, nós ainda vamos finalizar os dados, de quantas pessoas participaram por exemplo. Mas eu acompanhei todo o simulado de helicóptero e vi cada ponto, cada pessoa deslocando e fiz questão de vir aqui pessoalmente para agradecer a todos, por confiarem no Governo de Minas. E aprovietar pra falar que todas as ações possíveis, nós vamos fazer, o Estado vai enviar esforços para trazer o mínimo de problema para a população de Barão de Cocais. Agora podem retornar para suas residências", concluiu Godinho. 

Uma coletiva de imprensa para tratar sobre os números finais da operação está marcada para acontecer às 18h no município. 

População teria 1h12 para deixar suas casas

No domingo (24), o tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador da Defesa Civil Estadual, explicou como funcionaria a simulação. "A nossa intenção é que, com até 30 minutos, nós consigamos tirar todo mundo. O tempo previsto para que os resíduos cheguem às áreas onde há pessoas morando é de 1h12", pontuou o tenente-coronel Flávio Godinho.

Durante o processo, foram fechadas as vias de acesso à cidade. Policiais rodoviários foram orientados a deixar, somente, que veículos saiam do município. Godinho pediu, entretanto, que as pessoas que participarão do simulado não usem automóveis, pois, segundo ele, podem atrapalhar as viaturas e outros veículos de segurança. 

O tenente-coronel acrescenta que aeronaves da PM sobrevoarão a área e ficarão atentas a possíveis saques nas residências vazias. "É uma ação organizada, feita a várias mãos. Teremos sucesso no simulado", garantiu. 

Tensão

A cidade da região Central, que já convive com o estado de alerta desde fevereiro, quando mais de 400 pessoas tiveram que deixar suas casas, escutou, na última sexta-feira, sirenes. A barragem Sul Superior, que retém cerca de 4,8 milhões de m³ de rejeitos, passou para o nível 3 de segurança. Isso significa que a estrutura está em risco iminente de ruptura. 

Para o simulado, foi feita toda uma preparação pela Defesa Civil de Minas. Além de encontros com os moradores, foram distribuídos pelo menos 5 mil panfletos com horários e instruções à população. 

Os pontos de apoio foram divulgados na manhã de domingo, por meio de um mapa interativo elaborado pela Cedec-MG e a Vale, empresa responsável pela mina Gongo Soco. 

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