SOS Mata Atlântica apresenta análise do impacto da tragédia de Mariana sobre áreas de vegetação

Hoje em Dia
10/12/2015 às 19:36.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:17
 (SOS Mata Atlântica/ Divulgação)

(SOS Mata Atlântica/ Divulgação)

A Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a empresa de geotecnologia Arcplan, avaliou o impacto sobre as áreas naturais da Mata Atlântica decorrente do rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco – pertencente a Vale e BHP Billiton – na região de Mariana, região Central do Estado.

Marcia Hirota, diretora-executiva da SOS Mata Atlântica, explica que esta análise teve como base o “Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica”, desenvolvido anualmente por essas organizações, com patrocínio do Bradesco Cartões, e que utiliza a tecnologia de sensoriamento remoto e geoprocessamento para monitorar remanescentes acima de 3 hectares (ha).

“Entretanto, neste estudo, avaliamos fragmentos de vegetação nativa e áreas naturais acima de 1 ha, o que possibilitou um exame mais detalhado da vegetação natural, com porte arbóreo/ arbustivo ou florestal com menor grau de conservação, existente nas margens dos rios e demais áreas afetadas pelo rompimento da barragem”.

A área analisada abrange os municípios de Mariana, Barra Longa, Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado e Ponte Nova, todos integralmente inseridos nos limites da Mata Atlântica.

Impacto

O estudo constatou que a lama de rejeitos impactou uma área total de 1.775 ha, ou 17 km2, desses municípios, incluindo-se regiões de vegetação nativa ou alteradas por pasto, agricultura e malhas urbanas. A lama removeu um total de 324 ha de áreas de Mata Atlântica, sendo 236 ha de florestas nativas e outros 88 ha de vegetação natural.

Foram avaliados na análise de impacto sobre a vegetação nativa 114 km de cursos d’água (12 km do Rio Doce, 28 km do Rio Carmo, 69 km do Rio Gualaxo do Norte, 3 km do córrego Santarém e 2 km do afluente do córrego Santarém), a partir da barragem de Bento Rodrigues, onde ocorreu o rompimento, até a represa da Usina Candonga (UHE Risoleta Neves), no município de Rio Doce.

Segundo Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico do estudo pelo INPE, a represa da Usina Candonga absorveu o impacto da onda de lama que afetou a área do entorno dos rios.

“Após a represa, o impacto foi no leito do rio, na qualidade da água e no deslocamento de sedimentos, não havendo remoção de vegetação nas margens dos rios, ou ao menos na escala do estudo, que considera áreas com no mínimo 1 ha”.

O rompimento da barragem de rejeitos afetou um total de 679 km de rios, sendo os 114 km já citados entre a barragem de Bento Rodrigues até a represa da Usina Condonga, e outros 564 km entre a usina e a foz do Rio Doce no oceano, em Linhares, no Espírito Santo.

As principais referências para a interpretação realizada no mapeamento detalhado foram as imagens orbitais do sensor OLI/LANDSAT 8, de 2015, referentes a antes (25 de setembro) e depois do rompimento (12 de novembro), além de imagens de alta resolução disponíveis no Google Earth.

“Com as tecnologias hoje disponíveis podemos identificar com mais precisão áreas de vegetação de menor porte ou com menor grau de conservação, mas que exercem papel importante no que se refere a proteção do solo e a qualidade e quantidade de água que abastece rios e represas”, observa Marcos Rosa, diretor da Arcplan.

Expedição pelo Rio Doce

Desde o último domingo (6) uma equipe da SOS Mata Atlântica está em expedição pelos municípios afetados pelo rompimento da barragem com o objetivo de coletar sedimentos para análises em laboratórios e monitorar a qualidade da água do Rio Doce e afluentes impactados pela lama e rejeitos de minérios.

“A situação é absolutamente desoladora. Passado um mês do rompimento das barragens os rios ainda estão cor de laranja, com turbidez extremamente elevada, com altíssima concentração de sedimentos e metais. Estamos fazendo coletas para as análises de qualidade da água e metais pesados e em breve, quando concluirmos os estudos, divulgaremos dados e um relato da expedição”, comenta Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica.

A classificação da qualidade das águas é feita em cinco níveis de pontuação: péssimo (de 14 a 20 pontos), ruim (de 21 a 26 pontos), regular (de 27 a 35 pontos), bom (de 36 a 40 pontos) e ótimo (acima de 40 pontos).

Confira o relatório completo do estudo AQUI

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