Spinner na mão, aluno sem atenção: brinquedo invade salas de aula e preocupa professores

Bruno Moreno
bmoreno@hojeemdia.com.br
23/06/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:12
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Inventado na década de 1990 com a proposta de aumentar a concentração, o hand spinner, que é um brinquedo que gira constantemente na ponta dos dedos do usuário, saiu do meio terapêutico, caiu nas graças de crianças e adolescentes, mas tem incomodado professores em BH.

Na última quarta-feira (21), o colégio particular Maple Bear, no bairro Santa Lúcia, proibiu que o brinquedo fosse levado para a escola. Orientadora do ensino fundamental, a pedagoga Marcela Carvalho afirma que a decisão foi tomada já que o objeto começou a atrapalhar a atenção dos alunos.

“Eles estavam trazendo mais do que um, com novos tipos, que acendem a luz, sendo utilizados de forma não terapêutica e atrapalhando a concentração”, observa, destacando que a resolução foi tomada em conjunto com os alunos.

Conforme a pedagoga, os spinners não foram totalmente banidos da escola, já que são utilizados por estudantes, na sala da coordenação, sob a supervisão de um profissional. São brinquedos que, assim como bolinhas e almofadas, auxiliam alunos que não conseguem ficar com as mãos quietas. 

No início deste mês, o colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro, também teria proibido que os alunos entrassem na escola com o brinquedo. 

Nas lojas do Centro de Belo Horizonte, e em papelarias ou bancas de revistas é possível encontrar o brinquedo, normalmente ao preço de R$ 35. Na internet há centenas de tutoriais ensinando a produzir spinner com diversos tipos de materiais

Escondido

Na porta dos colégios, os estudantes exibem os spinners e alguns reconhecem que utilizam o brinquedo durante as aulas, apesar de os professores não permitirem.

“Eu estou sempre com o meu, e às vezes brinco durante a aula, mas se a professora vê, ela toma”, conta Tiago*, de 10 anos, aluno de uma escola pública na região hospitalar de BH.

Já Miguel*, de 14, estuda no 9º ano em um colégio particular no bairro Santa Efigênia, e afirma há uma certa tolerância com o uso do brinquedo. “Aqui, o pessoal brinca mesmo é no recreio. Mas tem gente que durante a aula pega e fica rodando. Uns professores permitem, outros não”, revela.

Aluno do 7º ano de uma escola particular na mesma região, Joaquim*, 12 anos, diz que todos os colegas têm um desses. “Um deles tem até bluetooth e toca música”, afirma.

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 Regimentos

A Secretaria Municipal de Educação (SMED) informou, por meio de nota, que não há nenhuma orientação às escolas em relação ao hand spinner. 

“Até o momento, esse tema não foi levantado por nenhuma escola da Rede Municipal de Educação. Vale ressaltar que as escolas municipais de Belo Horizonte possuem regimentos próprios, definidos junto com suas comunidades, que apontam o que é permitido ou não no ambiente escolar”.

Já a Secretaria de Estado de Educação comunicou que não houve nenhuma procura por parte dos supervisores e responsáveis pelas escolas para que fosse tomada alguma medida integrada em relação aos spinners. 

O Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG) informou que não interfere nos regulamentos internos dos colégios.

Segurança

No começo desta semana, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) publicou nota advertindo com relação à venda e ao uso dos spinners, e estabeleceu a faixa etária adequada.

“Esse tipo de produto é entendido pelo Instituto como brinquedo, e, por isso, só pode ser comercializado com o selo de identificação da conformidade. Responsáveis devem observar a indicação da faixa etária. O hand spinner é contraindicado para crianças com idade inferior a 6 anos (caso já tenham sido adquiridos, recomenda-se a suspensão do acesso ao brinquedo). Para as mais velhas, o uso deve estar sujeito à supervisão por um adulto”, informa a nota.

O Inmetro alertou ainda para possíveis riscos relacionados ao engasgamento com a ingestão de partes pequenas, em especial, dos rolamentos. “Nos modelos que são movidos a motor, a preocupação é ainda maior, com o risco adicional de ingestão das baterias botão”.

(*) Nomes fictícios

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