Substituição de cada ônibus destruído na capital mineira leva quatro meses

Sara Lira - Hoje em Dia
26/11/2014 às 09:40.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:10
 (Eugenio Moraes/Hoje em Dia)

(Eugenio Moraes/Hoje em Dia)

Casos de incêndios criminosos em ônibus tornaram-se rotina em Belo Horizonte e na região metropolitana. Seja qual for o motivo, a destruição dos veículos representa prejuízo direto ao usuário do transporte público. Um coletivo retirado de circulação leva, em média, 120 dias para ser reposto.

“O ônibus é um patrimônio pago pelo usuário. Quando ocorre incêndio criminoso, quem usa o sistema público sofre porque os horários ficam reduzidos”, diz o presidente da Associação dos Usuários de Transporte Coletivo da Capital e RMBH (AUTC), Francisco Maciel.

Transtorno também para os donos das empresas. De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH), a demora na reposição se deve ao prazo para cotação de preços e aquisição de um outro ônibus. Um veículo novo custa, em média, R$ 280 mil.

O coordenador do Centro de Pesquisas em Segurança Pública da PUC Minas, Luís Flávio Sapori, explica que a maior parte dos ataques é motivada por reivindicação popular (por insatisfação com o sistema) e retaliação de traficantes contra alguma operação policial ou pela morte de membros da quadrilha, por exemplo.

Para o especialista, protestos por meio de ataques ao patrimônio público em geral são comuns na história brasileira. Porém, quando há motivações envolvendo o tráfico, a situação é ainda mais crítica. “Criminosos atacando ônibus é um fenômeno novo e mais preocupante, porque o traficante mostra a força dele para as autoridades”, afirma Sapori.

 

Modus operandi

A partir da análise dos boletins de ocorrência dos últimos ataques, a ação dos bandidos é a mesma. Armados, eles obrigam motoristas e passageiros a desembarcar, derramam produto inflamável e ateiam fogo.

A Polícia Militar (PM) realiza patrulhamentos preventivos na cidade, mas não há ação direcionada para coibir ataques a ônibus. “O problema é que esses crimes são pontuais, o que dificulta fazer um trabalho específico”, frisa o chefe da sala de imprensa, major Sérgio Dourado.

Segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), de janeiro a setembro deste ano, 83 pessoas foram conduzidas por depredação de ônibus, contra 29 no mesmo período em 2013.

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