(Wesley Rodrigues)
Baderna, sujeira, som alto e falta de segurança. Problemas que ninguém deseja ter na porta de casa tornaram-se comuns aos moradores da Savassi, em Belo Horizonte. Embora o ponto seja tradicionalmente conhecido pelo perfil cultural, exageros cometidos durante os eventos têm provocado a depredação da área e o furor da vizinhança. O último episódio ocorreu no feriado de Carnaval. Após quatro dias de folia, um rastro de destruição foi deixado nos arredores da Praça Diogo de Vasconcelos: bancos e estátua pichados, canteiros sem grama e muito lixo espalhado pelas ruas. Tamanho incômodo levou os moradores a organizarem uma reunião para buscar providências. Mas nenhuma decisão foi tomada. “O que aconteceu aqui não teve nada de cultural. Foi apenas bebedeira, orgia e desrespeito com os moradores do bairro”, criticou o aposentado Paulo Ribeiro, de 79 anos. Apesar de a região ter muito comércio e vida noturna agitada, abriga aproximadamente 60 mil pessoas. A maioria delas, idosos. Como a aposentada Astrid Rezende Silva Guimarães, de 78 anos. “Moro aqui desde a infância. Lembro de ver os bondes passando da janela. No entanto, o bairro parece estar em decadência. O que fizeram com a gente é desumano. O mau cheiro era tanto que não podíamos sequer abrir as janelas”. Coordenador do Conselho da Câmara de Dirigentes Lojistas da Savassi, Alessandro Runcini defende a revisão das regras adotadas pela prefeitura ao licenciar um evento no bairro. “Estamos fartos de programações que acontecem com pouco banheiro químico, público mal calculado e policiais insuficientes porque aparecem mais pessoas do que estava previsto. Tira o sossego dos moradores e dá prejuízo aos comerciantes”, disse. Além de mais rigor dos órgãos públicos, ele cobra dos próprios organizadores que tenham mais cuidado ao promover um evento. A Festa da Itália, o Festival de Jazz e o Festival Brasil Irlanda-St. Patrick’s Day, exemplifica Alessandro, são programações que não causaram transtorno à região. Regional Responsável por conceder a licença para eventos na Savassi, a Regional Centro-Sul da Prefeitura de BH garante que toma todas as medidas cabíveis. “Verificamos se há aprovação da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e da BHTrans. Também cobramos um contrato de limpeza com uma empresa terceirizada ou um acordo com a SLU”, afirmou Alexandra Lamego, gerente de licenciamento urbanístico. As características do evento também são averiguadas. Caso o público estimado esteja além da capacidade da área ou não se enquadre no perfil da região, outro local é sugerido aos organizadores. Ainda assim, admite, algumas programações desrespeitam o projeto aprovado pela prefeitura. Nesses casos, os organizadores ficam sujeitos à multa de R$ 1.514,66, conforme prevê o Código de Posturas.