Surtos de SRAG associados à Covid sobem 161% e chegam a 308 em Minas em um mês

Anderson Rocha
@rochaandis
24/07/2020 às 14:49.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:07
 (Reprodução/ Facebook)

(Reprodução/ Facebook)

O número de surtos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) notificados, e possivelmente associados à Covid-19, ocorridos entre janeiro e julho deste ano em Minas chegou a 308 nessa segunda-feira (20) - um aumento de 161% em comparação com 22 de junho, quando eram 118 casos. Os surtos, conforme dados do governo de Minas, foram registrados em 158 municípios localizados em todas as 14 macrorregiões de saúde do Estado.

Surtos são notificações de uma enfermidade que ocorrem dentro de área específica, como lares de idosos, presídios ou empresas. Ao todo, 21.823 pessoas foram expostas à SRAG provavelmente provocada pelo coronavírus em Minas. Os dados são do boletim epidemiológico especial da Secretaria de Estado de Saúde (SES), que é divulgado semanalmente (veja aqui).

Segundo a SES, a SRAG é uma manifestação sindrômica relacionada a algum agente etiológico, como vírus (incluindo o coronavírus), bactérias, fungos, dentre outros. A confirmação se um surto ocorreu por SRAG associada à Covid ou por SRAG associada a outro agente é feita com a testagem dos pacientes.

Ainda conforme a pasta, quando não há confirmação laboratorial de um caso sintomático no momento da notificação do surto, o mesmo é considerado 'associado à Covid'. Reprodução/ SES-MG

Distribuição de surtos no Estado, de janeiro a julho deste ano

De acordo com a SES,  houve registros de surtos em serviços de saúde, serviços públicos, segurança pública, comunidades indígenas, comunidades religiosas, comunidades quilombolas, escolas, serviços de acolhimento e em comunidades ciganas localizadas em Minas.

Enfrentamento

Em coletiva na Cidade Administrativa, na tarde desta sexta-feira (24), o secretário adjunto de Estado de Saúde, Marcelo Cabral, afirmou que o governo de Minas tem adotado medidas de enfrentamento aos surtos desde o início da pandemia.

"Na eventualidade de surtos, nós temos protocolos e seguimos orientando a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e tudo que se refere, notas técnicas, protocolos, para o enfrentamento", afirmou.

Conforme Cabral, a prevenção a surtos nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) é feita, dentre outras formas, com a medida de suspensão de passeios e visitas de parentes e amigos a internos. 

Já em relação a surtos no sistema prisional, o gestor informou que o trabalho é feito pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), em diálogo com a SES. Procurada, a pasta informou que tem trabalhado "intensamente" para prevenir e combater a Covid-19 no ambiente prisional.

"As medidas adotadas são discutidas e atualizadas, em duas reuniões diárias, com a presença de diversos órgãos, entre eles Defensoria Pública, Ministério Público e Poder Judiciário, para que servidores e custodiados do sistema prisional se mantenham protegidos da melhor forma possível em tempos de pandemia". Leia a nota na íntegra, no fim da reportagem.

Ações empenhadas pela Sejusp

Unidades portas de entrada: Foi adotado um modelo pioneiro no país de circulação restrita de detentos no período de pandemia, classificado como referência pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Para evitar a contaminação por novos presos, foram criadas 30 unidades de referência, distribuídas em todo o território mineiro, que funcionam como centros de triagem e portas de entrada para novos custodiados do sistema prisional. Todas as pessoas presas em Minas Gerais estão sendo encaminhadas para uma unidade específica em cada região e ficam, pelo menos, 15 dias, em quarentena e observação, evitando possível contágio caso fossem encaminhadas de imediato para outras unidades. Após a observação e atestada a sua saúde, são encaminhadas para as demais unidades prisionais do Estado. Suspensão das visitas: Para evitar a disseminação do vírus por meio de contato com o público externo, as visitas foram suspensas, para diminuir a circulação de pessoas externas, assim como a entrega, até então opcional, de kits suplementares contendo alimentos, remédios entre outros itens, para evitar a circulação de materiais contaminados. Destaca-se que esses itens continuam sendo fornecidos pelas unidades prisionais e recebidos, ainda, via Correios. Todos os kits enviados por meio postal são inspecionados, por questões de segurança, e estando em conformidade com a legislação, são entregues aos presos. Cuidados com quem já está preso: No caso de presos que já se encontram no sistema prisional, caso apresentem sintomas da covid-19, o protocolo é o seguinte: isolamento imediato, realização de exames e, em caso de confirmação, tratamento segundo protocolo da área da Saúde. Em todas as unidades em que há presos com covid-19 confirmados, a desinfecção do ambiente também é imediata e todos os demais detentos passam a usar máscaras, de forma preventiva. Evitar o contágio via profissionais de segurança: Imprescindíveis para a segurança das unidades, os profissionais estão com as escalas de trabalho dilatadas, de forma a diminuir a circulação desses servidores intra e extramuros. Evitar a circulação de presos para realização de audiências: Foram instalados equipamentos para a realização de videoconferências judiciais em todas as unidades prisionais que estão, aos poucos, se adaptando para uso dessa ferramenta. Com isso, evita-se o deslocamento da maioria dos presos para o ambiente extramuros e diminui-se o risco de contágio pelo coronavírus. Já foram realizadas mais de 3 mil videoconferências judiciais neste período de pandemia - uma parceria com o Poder judiciário que deve se estender no período pós pandemia por resultar em ganhos positivos para todos os atores envolvidos. Contato com as famílias: Com a suspensão das visitas, necessária para contenção do vírus, os familiares podem ter contato com seus parentes de três formas: por meio de cartas (ação prevista para todas as unidades e com média de 35 mil recebimentos por semana), ligações telefônicas (cujo número é diferente em cada unidade e deve ser fornecido pelo presídio ou penitenciária; a média semanal é de 15 mil ligações realizadas) ou videoconferências nas unidades em que essa tecnologia já está disponível. Mais de 45% das unidades prisionais já realizam visitas familiares por videoconferência. Limpeza geral e desinfecção de ambientes: As áreas estruturais como celas, pátios, áreas administrativas e técnicas, portarias, guaritas e, também, veículos estão passando por higienização reforçada, semanal, durante a pandemia. A ação acontece em todas as 194 unidades do Estado. Máscaras e EPIs: O sistema prisional está produzindo máscaras para uso nas próprias unidades e segurança de todos. No interior das unidades prisionais já foram mais de 3 milhões de máscaras produzidas por custodiados. Todos os servidores são obrigados a circular no interior das unidades de EPIs e, a eles, este material é fornecido sistematicamente. Os presos também utilizam máscaras quando estão com algum sintoma suspeito ou quando pertencem a alas ou pavilhões onde outro detento foi testado positivo para a doença.

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