Telemedicina ajuda na pandemia: médicos usam atendimento remoto para protegerem a si e aos pacientes

Luisana Gontijo
lgontijo@hojeemdia.com.br
10/05/2020 às 10:10.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:28
 (Divulgação)

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Nestes tempos em que o indicado é que as pessoas fiquem em casa, evitando o contágio pelo novo coronavírus, a tecnologia tem sido forte aliada, por exemplo, de quem precisa ir ao médico. Por incrível que possa parecer, em muitos casos, é possível fazer uma consulta médica sem sair da própria residência.
Faz alguns anos que a telemedicina vem ganhando terreno, mas, neste período de pandemia de Covid-19, virou uma ferramenta eficaz na proteção não só dos pacientes, mas também dos médicos.
Todas as especialidades podem aderir a esse tipo de atendimento, garante o oftalmologista Raphael Trotta, CEO da iMedicina, plataforma de consulta virtual que tem mais de 10 mil médicos inscritos, de 22 estados do país. 
Segundo ele, a teleconsulta permite, entre outras coisas, acompanhamento de pacientes, monitoramento de algum tratamento e até uma assistência completa, dependendo da especialidade. “Para algumas, como a psiquiatria, que não depende de exame físico, é mais fácil. Cada especialidade tem suas limitações, mas os médicos se adaptam para atender remotamente”, pondera.
 

Pelo SUS
Quando a pandemia de Covid-19 chegou a Belo Horizonte, conta o também oftalmologista João Neves, um grupo de mais de 80 especialistas da sua área, que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) pacientes da capital, de Sabará, Betim e Itaúna, teve os serviços interrompidos.
“Estávamos diante de dois pontos: os oftalmologistas ociosos e os pacientes, muitos com doenças crônicas como diabetes, glaucoma e uveíte, desassistidos”.
Foi então, segundo ele, que os profissionais fizeram um levantamento de plataformas para, pelo menos, terem uma troca visual com o paciente e disponibilizaram dois números de celular para essas pessoas fazerem contato. A escolha da iMedicina se deveu, entre outros fatores, pela oferta do serviço gratuito.

Amparo
“Hoje, atendemos de dez a 15 pacientes por dia pela via remota. Assim, eles não ficam desamparados. Se o paciente nos liga e a conversa por telefone fica pobre, orientamos a entrar na plataforma. Se necessário, indicamos um serviço de urgência”, revela, João Neves.
Na avaliação do médico, a telemedicina veio para ficar, porque cria um vínculo com o paciente. Mais do que uma ferramenta, é uma forma de entregar o serviço aos clientes, uma possibilidade de a pessoa ter contato com o médico fora do consultório. <EM>
“Estamos tendo 80% de taxa de solução. Abre um novo paradigma para o paciente”, reflete.
 

Além disso
Raphael Trotta, médico oftalmologista e CEO da iMedicina, conta que a ideia nasceu em 2012, com a oferta de consultoria, usando um software bem definido, mas só em 2016 a empresa foi constituída. “A gente já estava preparado para o lançamento da telemedicina, essa discussão está na área há uns dois anos. O lançamento da portaria pelo Ministério da Saúde, que permite esse tipo de atendimento em caráter especial, nos levou a convocar uma comunidade de desenvolvedores de BH, trabalhamos na plataforma e subimos a versão em tempo recorde”, conta Trotta.
Do lançamento da plataforma, no início de abril, até agora, diz ele, o aumento de demanda registrado chega a 107%. “É possível que exista um legado dessas plataformas pós-pandemia e elas vão continuar. Só que será necessária uma discussão entre a classe médica, um esforço pós-pandemia para se verificar o que funcionou bem e o que não funcionou, para gerarmos inteligência e fazermos as adaptações necessárias”.

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