Temor de desabastecimento resulta em aumento nas vendas de galões de água

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
29/01/2015 às 07:36.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:49
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

O calor e o medo da escassez do “ouro azul” tem provocado uma corrida por água mineral às prateleiras de supermercados, indústrias e distribuidoras de bebidas. Em alguns estabelecimentos, a procura, principalmente por galões de 20 litros, já é 40% maior, na comparação com o verão passado.

Segundo o delegado regional da Associação Brasileira das Indústrias de Águas Minerais (Abinam-MG), Robison Fortes Araújo, que também é diretor da Ingá, a demanda tem sido tão grande que a maioria das empresas já não tem estoque. As vendas a conta-gotas estão garantidas, mas quem faz pedidos de cargas mais robustas, de dez ou mais toneladas, é obrigado a aguardar. “A entrega de um caminhão com essa capacidade está levando pelo menos uma semana”, diz o empresário.

GALÃO EM FALTA

Uma das dificuldades está na compra de embalagens. “Com o garrafão de 20 litros, que é retornável, o problema é menor, mas, no caso de garrafas menores, está complicado por causa da explosão da demanda. Em vez de 1 milhão de tampas, a necessidade passou para entre 1,5 milhão e 2 milhões”, explica Araújo.

Na Ingá Express, distribuidora localizada no bairro Cidade Jardim, região Centro-Sul de BH, o receio de consumidores em ficar sem água tem turbinado os negócios. Por dia, a comercialização de galões de 20 litros, campeões de venda, passou de 130 para 160 unidades, em média. “Na semana passada, uma única cliente, síndica de um prédio, comprou 10 mil litros de água mineral. Os relatos sobre o medo da falta d’ água virou rotina entre a clientela”, afirma a sócia da empresa, Lahis Oliveira.

O Comercial Zan, que tem depósitos no Caiçara e Nova Vista, também está bebendo na fonte do calorão e da escassez da água. De acordo com a funcionária Bruna Reis, a venda de galões de 20 litros cresceu entre 30% e 40%, entre o fim de 2014 e início deste ano. Na região, o produto custa R$ 12.

O depósito Degás, distribuidora da marca Igarapé, é outro que aumentou o gole no mercado de água mineral. A entrega de garrafões de 20 litros, ao preço de R$ 12, saltou 30% neste mês. “O pessoal está preocupado, mas é bom lembrar que água tem validade e deve ser armazenada em local fresco e escuro. Exposta ao sol, em um mês pode ficar esverdeada”, adverte o sócio Rodrigo Rubert.

 

 

 

CARRINHO DE COMPRA

 

Para saciar a sede, muitos consumidores têm recorrido às gôndolas. Segundo o superintendente da Associação Mineira dos Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, as vendas subiram entre 40% e 60% nos últimos quatro meses. Embalagens de 1,5 litro e galões de 5 litros são os preferidos dos clientes.

Pelo menos por enquanto, a indústria passa ao largo da seca. Carlos Alberto Lancia, presidente e hidrogeólogo da Abinam, explica que o “tempo de residência”, termo que se refere ao período em que o recurso natural permanece em determinado local no subsolo, varia de dez a até mais de 40 anos. “É como se a água mineral fosse uma safra de vinho”.

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