Tempo estimado para que força-tarefa consiga recuperar a bacia do rio Doce é de 10 anos

Ricardo Rodrigues - Hoje em Dia
27/11/2015 às 07:14.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:06
 (LEONARDO MORAIS)

(LEONARDO MORAIS)

Medidas para mitigar os danos ambientais ao longo da bacia do rio Doce, provocados pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana, podem se estender por dez anos. A avaliação é do engenheiro florestal Enio Fonseca, superintendente de Gestão Ambiental da Cemig. Segundo ele, a estatal pode contribuir para a redução dos efeitos da destruição causada pelos rejeitos da mineração. Apenas o diagnóstico dos impactos deve durar um ano.

Fonseca afirma que a Cemig tem condições de desenvolver ações que ajudem a natureza a se recompor mais rapidamente, disponibilizando técnicas de restauração ambiental e de monitoramento da qualidade da água. “A Cemig tem enorme expertise e conhecimento técnico e científico e coloca isso à disposição do poder público, da sociedade e da Samarco”, diz.

Essa expertise é resultado de mais de 20 anos de trabalho com instituições de pesquisa nacionais e internacionais, segundo o especialista em engenharia ambiental. “Nessa hora, a tecnologia é absolutamente necessária. Nossas usinas contam com programas de monitoramento que vão fornecer informações preciosas sobre o manejo da água, do peixe e da floresta”, destaca o superintendente da Cemig.

A estatal faz parte da força-tarefa criada por decreto, no sábado passado, pelo governado de Minas. Também participam órgãos estaduais e prefeituras. O grupo vai centralizar o levantamento de danos e propor medidas restauradoras na bacia do rio Doce.

Processo natural

Fonseca destaca que “os afluentes que estão vivos vão continuar fornecendo água, fitoplânctos (microalgas), zooplânctons (microcrustáceos) e peixes” para a calha do Rio Doce. “O reflorestamento de matas ciliares e os peixamentos (soltura de filhotes nos rios) ajudam a natureza a recuperar mais rapidamente os cursos d’água afetados pela lama”, explica.

Ele reitera que a Cemig conta com tecnologia para implantar programas de reflorestamento de mata ciliar e proteção de nascentes, com viveiros de sementes e mudas nativas. Também possui laboratórios para a produção de alevinos, usados no repovoamento de reservatórios e rios onde há empreendimentos da estatal.

Entre os programas disponíveis, Fonseca cita o Peixe Vivo, referência internacional no conhecimento da ictiofauna, e o Sistema de Informação de Qualidade da Água (Siságua), uma base de dados gerados a partir das coletas feitas no monitoramento dos reservatórios e rios.

Mortandade

O rio Doce tem 77 espécies de peixes, sendo 48% endêmicas (só ocorrem na bacia). Houve mortandade em massa na região do derramamento da lama, segundo o professor de pós-graduação em biologia dos vertebrados da PUC Minas, Fábio Pereira Arantes. Ele faz estudos na região.

O rastro de destruição e morte causado pelo despejo de rejeitos, com volume nove vezes maior que o de água da Lagoa da Pampulha, dificulta muito a recuperação dos pequenos afluentes que foram “aterrados” por sedimentos e lama, diz o pesquisador Ricardo Coelho, presidente da Icatu Meio Ambiente Ltda.

Ele afirma que há espécies de peixes que podem ser extintas a médio prazo, em dois a cinco anos.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por