Testes de DST aumentam 76% na rede pública de BH após o Carnaval

Bruno Moreno
bmoreno@hojeemdia.com.br
17/03/2017 às 11:20.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:46

A semana pós-Carnaval em Belo Horizonte, neste ano, apresentou recorde de testes de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), com um crescimento de 76% em relação ao mesmo período de 2015. O salto, segundo especialistas, demonstra tanto o aumento do sexo desprotegido quanto maior esclarecimento em relação à importância de saber se houve a contaminação por alguma DST.

Em2016, na primeira semana após a festa, 244 pessoas fizeram os testes. Já neste ano, 431 procuraram os postos de saúde da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para realizar o procedimento.

“Estamos com uma preocupação muito grande, porque com os novos tratamentos, as pessoas perderam o medo e não estão usando preservativo”, afirma o professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Marcelo Simão Ferreira, que é ex-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia.

No entanto, os testes para HIV podem dar resultados falso-negativo se o tempo entre a contaminação e o exame for muito curto. Segundo Marcelo Ferreira, dependendo da metodologia utilizada, é preciso de uma a duas semanas, ou até mesmo três meses, para que o diagnóstico seja confiável.


Para o infectologista Ricardo Carmo, que é referência técnica da coordenação municipal de saúde sexual e atenção às DST/Aids e hepatites virais, o aumento no número de testes após a folia é reflexo da divulgação das campanhas da PBH. “É sinal que estão respondendo à demanda induzida, estimulando que façam teste. O nível de informação hoje é maior. O risco de exposição aumenta na época do Carnaval, os cuidados não são como deveriam ser, do sexo seguro, e agente estimula que as pessoas venham fazer os testes”, afirma.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que os tratamentos das infecções pelo HIV/Aids e sífilis são gratuitos e integralmente disponíveis na rede SUS. “Quanto mais precoce forem o diagnóstico e o início do tratamento, menores as possibilidades de adoecimento e transmissão desses agravos para outras pessoas”.

Fim de convênio pode prejudicar associação que desenvolve trabalho de prevenção a DST
Cerca de 2 mil pessoas assistidas mensalmente pela Associação Cidadãos Posithivos Sempre Viva correm o risco de ficar sem atendimento. A organização realiza ações de vigilância, prevenção e controle do vírus do HIV, além de outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST).

Hoje vence o convênio da entidade com o Ministério da Saúde, e não há perspectivas de renovação. O problema estaria na condução da parceria, mediada pela Secretaria Municipal de Saúde e o Ministério da Saúde.

O programa foi assinado em março do ano passado, com possibilidade de renovação por 60 meses, e tem orçamento anual de R$867 mil. De acordo com a associação, apenas sete das 12 parcelas teriam sido repassadas pela Prefeitura de Belo Horizonte.

“A interrupção desse convênio deixará mais um buraco nas já escassas políticas públicas de saúde direcionadas ao enfrentamento da epidemia de HIV/Aids em Belo Horizonte. Perdem muito as populações vulneráveis, que já se encontram em situação de extrema fragilidade social”, argumentou Rodrigo Campos, membro do Conselho Consultivo da Associação Sempre Viva.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que o assunto foi debatido na Comissão Municipal de DST/Aids e Hepatites Virais de Belo Horizonte, que conta com a participação de representantes do Controle Social, ONGs e poder público, e a secretaria reiterou o compromisso de buscar alternativas para a questão.

O deputado estadual Fred Costa (PEN) solicitou a realização de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para buscar soluções.

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