Trânsito intenso coloca em risco patrimônio dos centros históricos de Minas

Izabela Ventura* - Hoje em Dia
25/08/2013 às 07:44.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:17

OURO PRETO – Elas foram projetadas há séculos para suportar apenas a marcha dos cavalos, as carroças e os passos lentos de uma população tranquila. Hoje, as cidades históricas de Minas Gerais sucumbem ao intenso movimento de carros e ônibus turísticos. A maioria dos municípios restringe o tráfego pesado, mas nenhuma impede a circulação de veículos pequenos, como Paraty (RJ).
 
Cidades como Ouro Preto, São João del-Rei, Sabará e Mariana têm investimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas. São R$ 1,6 bilhão para 44 municípios brasileiros, conforme anunciado na última semana pela presidente Dilma Rousseff.
 
Serão contempladas, basicamente, restaurações e reformas de monumentos, evidenciando que o poder público ainda não conseguiu conjugar a exploração oportuna do movimento dos visitantes com a preservação do patrimônio histórico.

Alternativa imprescindível sugerida por especialistas é a retirada do fluxo de veículos dos centros, que geralmente abrigam as construções tombadas. Em Ouro Preto, a construção de um túnel visa eliminar 40% do tráfego na saída para Mariana e Belo Horizonte, mas a proposta é polêmica e divide opiniões.
 
O túnel terá aproximadamente 270 metros de extensão, da rua Conselheiro Quintiliano, a partir da sede do Corpo de Bombeiros, até a antiga Santa Casa, na saída para BH. A empresa vencedora da licitação faz estudos geotécnicos para apresentar o projeto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
 
O ponto que preocupa moradores é o impacto do maquinário no solo e nos imóveis. Comerciantes como Fernanda Queiroz, de 30 anos, temem que a cidade não tenha estrutura para suportar uma obra desse porte. "Assim que começarem a escavar o túnel, os bens históricos serão comprometidos", acredita.
 
Análises
 
Estudos sobre impactos ambiental e urbanístico e de vizinhança devem ser elaborados em grandes empreendimentos, conforme a diretora de Cidades do Instituto de Arquitetos do Brasil de Minas Gerais (IAB-MG), Dorinha Alvarenga.
 
Tudo isso deverá ser entregue em 30 dias, segundo cálculo do secretário de Cultura e Patrimônio de Ouro Preto, José Alberto Pinheiro. "Não há risco para o patrimônio porque utilizaremos as técnicas mais modernas", garante.

Pinheiro lamenta, no entanto, que recursos para planos de mobilidade não tenham sido contemplados pelo PAC das Cidades Históricas. A prefeitura solicitou ao governo federal R$ 125 milhões para a cidade, mas recebeu apenas R$ 36,46 milhões, dinheiro que deverá ser empregado n a restauração de igrejas, capelas e chafarizes.
 
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