Trabalho nas obras de revitalização da Praça da Liberdade é nova chance para detentos mineiros

Simon Nascimento
scruz@hojeemdia.com.br
24/09/2018 às 19:27.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:37
 (Maurício vieira)

(Maurício vieira)

Quarenta presos mineiros integram a mão de obra que atua na revitalização do Circuito Praça da Liberdade, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Ontem, o grupo começou a pintar a fachada e outros espaços do Museu Mineiro e do Arquivo Público, na avenida João Pinheiro. Essa é mais uma etapa da reforma iniciada em julho. A previsão é a de que os trabalhos terminem em novembro. 

A participação no restauro é vista pelos acautelados como uma oportunidade. Que o diga Paulo Anderson Guimarães, de 42 anos, preso há cinco meses. Ele foi parar atrás das grades após furtar um celular para custear a dependência em cocaína. Com a iniciativa, Paulo Anderson acredita ter recebido uma chance para se ressocializar. 

“Hoje, estou pagando pelo meu erro com dignidade. Queremos que a sociedade nos enxergue como recuperandos, e não como criminosos. Tenho certeza de que vou sair daqui como um homem bem melhor”, afirma.

Já Elaine Aparecida Amaral, de 35 anos, espera deixar a prisão em dezembro com uma nova profissão. “Estou gostando muito da pintura e já penso em continuar trabalhando com isso”. Ex-camareira, a mulher cumpre pena há três anos e quatro meses por um crime que, segundo ela, não cometeu. “Minha saída está próxima e quero começar do zero”.

Parceria

A participação de presos na revitalização da Praça da Liberdade é uma iniciativa do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha). A ação é realizada em parceria com as secretarias de Estado de Administração Prisional (Seap) e Cultura (SEC) e uma fabricante de tintas.

Segundo Michele Arroyo, presidente do Iepha, a proposta busca, além da ressocialização dos detentos, mostrar que os espaços públicos também “são para eles, para as famílias e para toda a sociedade”.

Capacitação

Os prisioneiros tiveram aulas teóricas e práticas sobre pintura que totalizaram 90 horas. Após os trabalhos na avenida João Pinheiro, o grupo vai realizar serviços no coreto, na Praça da Liberdade; no antigo prédio da Secretaria de Viação e Obras e nos gradis e muros do Palácio da Liberdade. “Esperamos ampliar para outras propostas de revitalização cultural do Estado”, afirma Michele Arroyo.

A iniciativa foi aprovada pelo rapper Flávio Renegado, padrinho do projeto. “É uma oportunidade de mudar o destino deles (presos). O meu sonho é levar atividades como esta para dentro das favelas”.

Em atividade

De acordo com a Seap, cerca de 19 mil detentos do Estado estão inseridos em trabalhos de ressocialização em programas gerenciados por órgãos públicos e pela iniciativa privada. 

Subsecretária de Humanização e Atendimento da pasta, Louise Bernardes diz que cursos profissionalizantes em diversas áreas também são disponibilizados dentro das unidades prisionais. 

“Estamos mostrando para a sociedade que eles podem voltar melhor do que entraram”, afirma Louise.

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