Trecho da Estrada Real terá "calçamento ecológico" ao custo de R$ 57 milhões

Raquel Ramos - Hoje em Dia
07/05/2013 às 06:54.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:27

O cenário de um dos trechos mais conservados da Estrada Real está prestes a mudar. Quase 24 quilômetros do caminho cascalhado que liga Rio Acima, na Grande BH, a Itabirito, na parte Central do Estado, receberá um “calçamento ecológico”. A justificativa é levar desenvolvimento ao percurso que, por séculos, foi rota de bandeirantes, tropeiros e mineradores.

O edital foi lançado em fevereiro e a empresa responsável pela obra já foi escolhida. O Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) aguarda apenas a conclusão do licenciamento ambiental para dar início às intervenções, que devem durar 24 meses. O empreendimento está orçado em R$ 57 milhões.

Polêmica

As obras põem fim a uma discussão que, por décadas, dividiu moradores. Enquanto mineradoras e comerciantes alegavam que o asfaltamento do trecho da MG-030 traria progresso às cidades, ambientalistas temiam o impacto ambiental da mudança.

“Essa parte da MG-030 realmente é muito conservada, com pontos remanescentes de Mata Atlântica. Vamos utilizar o bloco intertravado de concreto, que é o revestimento ecologicamente mais adequado”, afirma Marcos Frade, diretor de infraestrutura do DER.

Segundo ele, o calçamento é resistente ao tráfego pesado e permite aos motoristas – que hoje são obrigados a dirigir devagar na estrada – aumentar a velocidade.
As vantagens do material escolhido para pavimentar o trecho são reconhecidas por membros da Associação de Moradores e Sitiantes Ecológicos do Entorno da MG-030, principais opositores do asfaltamento. Segundo o jornalista Jurandir Persichini, que faz parte do grupo, o solo continua permeável após receber revestimento e não há superaquecimento.

Mais do que proteger o meio ambiente, afirma, o calçamento ecológico preserva um pouco da história e da cultura de uma região simbólica. “O asfalto de concreto descaracterizaria muito aquela área. Já os blocos permitem que seja feita uma combinação com os seixos rolados (pedra arredondada e superfície lisa) que existem em algumas áreas, mantendo um pouco do que é original ali”.

A preocupação também está no projeto da obra, que prevê curvas mais acentuadas e rampas mais fortes a fim de aproveitar, ao máximo, o traçado do caminho já existente.

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