UFMG adapta tecnologia para transformar lixo orgânico em biogás e adubo

Da Redação
26/12/2018 às 13:47.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:45
 (Divulgação / Comlurb)

(Divulgação / Comlurb)

Transformar os resíduos orgânicos que poderiam poluir a atmosfera em biogás e adubo se tornou possível após a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) adaptar uma tecnologia para isso. Trata-se da metanização extrasseca (sem uso de água), que gera retorno ambiental e econômico.

O subproduto gasoso (biogás) resultante da decomposição de materiais orgânicos é formado principalmente de metano, composto de elevado teor energético, mas que pode contribuir para o agravamento do efeito estufa quando liberado na atmosfera. Para evitar este dano, a degradação do lixo pode ser manipulada dentro de um recinto fechado.

“O gás produzido durante a degradação de 250 toneladas de lixo gera energia capaz de abastecer mil automóveis ou suprir o consumo de 1.650 residências por mês”, ilustra o professor Carlos Augusto de Lemos Chernicharo, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG, responsável pelo projeto da primeira unidade de biometanização da América Latina, construída no Rio de Janeiro.

Confinado em uma câmara sem oxigênio durante 30 dias, o resíduo é banhado por um líquido que acelera sua decomposição. “O biogás resultante dessa reação metabólica escapa por uma cavidade no topo da câmara e é armazenado numa espécie de balão, que precisa estar lacrado para que não escapem gases nem odores”, explica.

Fruto de parceria entre a UFMG e a empresa Methanum Energia & Resíduos, a planta é administrada pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) do Rio de Janeiro. A tecnologia foi financiada pelo BNDES. Dos R$ 10 milhões aportados, R$ 7 milhões foram usados na construção da planta, e o restante vem sendo investido para dar suporte ao desenvolvimento de pesquisas na planta.

Utilidades

O gás produzido na planta tem diferentes possibilidades de uso. Uma delas é alimentar um motor acoplado a um gerador de eletricidade, substituindo o óleo diesel ou a gasolina. “Essa eletricidade supre a demanda da própria unidade, que consome cerca de 10%. O restante pode ser injetado na rede elétrica ou vendido para a concessionária local”, informa Chernicharo.

Segundo o professor, a energia térmica resultante do processo também é aproveitada. “Quando o motor queima o biogás para gerar eletricidade, produz também calor. Dentro de outra câmara, essa energia térmica é usada para secagem do resíduo que foi digerido. O produto final é um biossólido, que pode ser usado como adubo, tanto na agricultura como na recuperação de áreas degradadas pela mineração, por exemplo”, detalha.

Outra possibilidade é a purificação desse gás e sua utilização no abastecimento dos próprios caminhões que transportam o lixo. “Ao substituir o diesel pelo biometano, tem-se um ganho ambiental tremendo, já que o uso de uma energia renovável no lugar de uma fóssil reduz a emissão de gás carbônico na atmosfera”, explica Chernicharo.

Leia mais:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por