UFMG terá banco de dados sobre o sistema prisional do país

Aloísio Morais - Hoje em Dia
15/09/2013 às 21:35.
Atualizado em 20/11/2021 às 12:25

Até o fim do ano a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) deverá contar com um banco de dados sobre o sistema prisional brasileiro a ser usada pelos estudiosos do assunto em todo o país. Uma rede nacional reunindo informações sobre o assunto deverá apresentar não só dados sobre o setor mas também mostrar experiências que vem dando certo em vários Estados. "O Brasil tem muita carência de dados a respeito, o que dificulta as pesquisas e a troca de experiências", afirmou o professor da Faculdade de Educação da UFMG, Fernando Fidalgo, coordenador do Observatório Nacional do Sistema Prisional (Onasp).   "Nossa expectativa é de que a rede nacional de informações ilumine o sistema prisional", acrecentou Fidalgo, ao lembrar que nos últimos anos foram identificadas cerca de 600 pesquisas sobre o assunto no país, orientadas por mais de 500 educadores. "Com a rede nacional o Obserrvatório vai tentar oferecer aos gestores o que fazer, apresentar experiências positivas. É importante mostrar as boas práticas, como é o caso das Apacs em Minas (as associações de Assistência e Proteção ao Condenado), que têm sido referências no país", disse.   A rede nacional de informações será um dos principais temas a serem debatidos nesta segunda e terça-feiras na UFMG, durante o segundo seminário do Observatório Nacional do Sistema Prisional. Segundo o especialista em segurança pública, Luiz Flávio Sapori, a ideia de se ter uma rede nacional de informações será importante para o monitoramento das experiências no setor. "E dá transparência sob o ponto de vista da gestão pública, proporcionando o acompanhamento de pesquisas que servirão de indicadores para o que se pretende adotar no sistema prisional", acrescentou.   Segundo Fernando Fidaldo, o grande desafio hoje é a reintegração dos presos na sociedade. "Quanto mais se prende mais se agrava o problema social, já que a cadeia funciona como verdadeira escola do crime que acaba provocando a reincidência. Uma boa parte dos detidos vai ter contato com o Estado nas delegacias", observou. "Vivemos uma verdadeira calamidade em que 75% dos presos tem menos de 35 anos, a grande maioria conhecendo as prisões após cometer pequenos delitos". Recentemente, Fidaldo e o grupo do Onasp tentaram libertar uma mulher que está presa há seis anos por ter furtado um pote de margarina, e não conseguiram.   A conferência de abertura do seminário será do francês Antoine Lazarus, da Université Paris 13 e do Observatoire International des Prisons, que abordará “A importância de um observatório das prisões”. Outros temas são "O cotidiano do encarceramento: trabalho, diversidade sexual, desigualdade social e questões étnico-raciais", "O Sistema Prisional e a Lei de Acesso à Informação”, "Desafios da (re)integração de egressos do sistema prisional: políticas públicas, sociedade civil e famílias, "Regras mínimas para o tratamento de pessoas privadas de liberdade", e "As prisões na América Latina: o que fazer o que não fazer?" 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por