Um mineiro com dengue a cada dois minutos

Aline Louise e Raquel Ramos - Hoje em Dia
27/01/2016 às 06:40.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:11
 (Tribuna de Minas)

(Tribuna de Minas)

Para conseguir cumprir a meta de vistoriar todos os 8 milhões de imóveis em Minas, e vencer ao menos algumas batalhas na guerra contra o Aedes aegypti, a força-tarefa formada pelos governos federal, estadual e municipais precisa triplicar o esforço até o fim de fevereiro. Segundo dados do Ministério da Saúde, até o dia 22, apenas 1,2 milhão (15%) foram fiscalizados em 712 municípios mineiros.

A média é de 56,7 mil domicílios e instalações públicas e privadas urbanas visitadas diariamente. Até aqui insuficiente, e o prazo final, que era 31 de janeiro, foi ampliado para fevereiro. Mesmo assim, para alcançar o objetivo, cerca de 198 mil imóveis devem ser inspecionados por dia.

Para o médico César Augusto Barros Vieira, que foi professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da UFMG, a estratégia é acertada. No entanto, há um descompasso entre o planejamento e a realidade.

“Se considerarmos nossa reduzida capacidade de intervenção e resposta, vemos que a meta é ousada e o prazo apertado. Mas temos que insistir nos trabalhos, envolvendo diversos setores da sociedade”.

Em cidades de grande porte, como BH, a dificuldade de “escaneamento” é evidente. Nas três primeiras semanas deste mês, só cerca de 50 mil dos 800 mil imóveis da capital foram vistoriados (6%). Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, há um grupo de monitoramento de áreas mais críticas que aponta prioridades nas vistorias, mas não há uma meta diária.

Responsabilidades

Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou, por meio da assessoria de imprensa, que a coordenação do pente-fino é responsabilidade da União, em articulação com os municípios.

Criado em dezembro, o Comitê Gestor Estadual de Políticas de Enfrentamento à Dengue, Chikungunya e Zika Vírus tem feito reuniões com dirigentes municipais e titulares de outras pastas com o objetivo de alinhar as ações, para que os municípios possam efetivar o combate ao mosquito. Desde novembro de 2015, o governo de Minas liberou R$ 66 milhões para as prefeituras.

A demora para operacionalizar as ações é um dificultador. O Ministério da Saúde, que há dois dias anunciou o apoio do Exército numa tentativa de agilizar o trabalho, informou que essa medida ainda está sendo articulada. A data de início do reforço depende ainda de reunião para definir o número exato de agentes que vão atuar em Minas.

Enquanto isso, a dengue avança no Estado. O número de casos prováveis da doença saltou de 9.953 para 20.859 em apenas uma semana, segundo o último boletim da SES, média de uma ocorrência a cada dois minutos.

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