Universidades federais se articulam contra cortes e planejam paralisação em 15 de maio

Bruno Inácio
06/05/2019 às 20:21.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:32
 (Arquivo pessoal)

(Arquivo pessoal)

Estudantes e servidores de universidades e institutos federais se mobilizam em diversas frentes na tentativa de frear o bloqueio de 30% do orçamento anunciado pelo governo federal na última semana. Entre as ações estão a pressão sobre políticos, para que se sensibilizem com a causa e trabalhem, em Brasília, pelo repasse integral da verba inicialmente prevista às instituições, e uma paralisação geral no próximo dia 15. 

“Há uma grande preocupação por parte de todos, uma sensação de indignação profunda. Não vamos recuar e nem permitir que essa situação progrida”, diz a presidente do Sindicato dos Professores de Universidades Federais da Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (Apubh), Maria Stella Brandão Goulart.

Pesquisa

Hoje, na capital, uma marcha da Praça Raul Soares, no hipercentro, à Assembleia Legislativa de Minas Gerais, na região Centro-Sul, busca apoiar a criação de uma Frente Parlamentar na Casa que defenda o fomento à pesquisa nas esferas estadual e federal. 

De acordo com a Apubh, as universidades públicas são responsáveis por 95% dos estudos científicos do país.

Em Minas, assembleias estão marcadas para esta quinta-feira para decidir se alunos e funcionários das instituições instaladas no território vão participar do ato previsto para dia 15. 

As faculdades também apostam em uma estratégia junto aos políticos, no Congresso Nacional. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Reinaldo Centoducatte, a ideia é fazer com que o orçamento para as unidades, definido no ano passado, seja cumprido à risca.

Enquanto o cenário não muda, estudantes sentem o reflexo da falta de dinheiro para o setor. Ontem, a pesquisadora Letícia Masako Takahashi, de 26 anos, abandonou o doutorado que fazia na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). O trabalho estava focado no desenvolvimento de um remédio para a cura da leishmaniose – doença que, na forma visceral, mata nove em cada dez pessoas.

A jovem já tinha dedicado dois anos de mestrado somente às análises, que descobriu 15 moléculas sintetizadas de forma positiva para fármacos, mas a UFTM não teve como subsidiar o doutorado.

“Sem bolsa não é possível pesquisar em regime exclusivo. Apesar de amar muito o que faço e acreditar nos resultados que estava obtendo, não tenho como viver de amor”, disse Letícia.

Agora, mesmo que alguém se interesse pelo tema no futuro, o estudo corre riscos. “Perderam-se o tempo que fui treinada e o investimento. Alguém vai ter que começar do zero”, lamentou a estudante. A UFTM não comentou a situação, que viralizou nas redes sociais.

Procurado, o Ministério da Educação (MEC) manteve a posição de que o critério utilizado para o contingenciamento de recursos foi “operacional, técnico e isonômico”, por restrição orçamentária. Caso a reforma da Previdência seja aprovada, a decisão poderá ser revista pelas pastas da Economia e Casa Civil.


 

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