Uso de andadores é proibido em escolas e creches de Belo Horizonte

Hoje em Dia
28/07/2015 às 10:49.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:07
 (Divulgação/Internet)

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Risco de quedas, prejuízos motores e neurológicos. Segundo especialistas, são inúmeros os danos causados pelo andador infantil, também conhecido popularmente por “voadores”. Mas, para o alívio de pais e pediatras, o uso do equipamento em escolas e creches de Belo Horizonte foi proibido nesta terça-feira (28), em lei publicada no “Diário Oficial do Município” (DOM). A nova regra é válida para as instituições de ensino público e particular.

De acordo com o texto que originou a lei, do vereador Tarcísio Caixeta (PT), “há pelo menos um caso de traumatismo para cada duas a três crianças que utilizam o andador e que em 1/3 deste casos as lesões são graves”.  Para a médica Marislaine Lumena de Mendonça, presidente do departamento de segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a proibição é uma vitória para o estado. “O Brasil não tem dados apurados sobre acidentes em andadores, mas o equipamento é considerado o segundo mais perigoso, perde só para os playgrounds”, diz.

A especialista conta que desde 2013 a Sociedade Brasileira de Pediatria está a frente da  Campanha Nacional pela Proibição do Andador. Nesse mesmo ano, a justiça de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, emitiu uma liminar que proibiu a venda de andores no país. No entanto, o equipamento ainda é comercializado, o que facilita o seu uso em escolas e creches. “ Isso é muito grave. Quem trabalha com crianças, sabe que o equipamento oferece riscos. Muitas creches recebem o equipamento como doação. Por isso, a importância de conscientizar sobre os seus perigos. Queremos banir os andadores do país”, afirma Marislaine Lumena.

Além dos riscos de queda, já que nos andadores as crianças ficam mais livres, de acordo com a  coordenadora de pediatria do Hospital João XXIII, Eliane Souza, os equipamentos podem trazer prejuízos também ao desenvolvimento. “As crianças que utilizam andadores levam mais tempo para ficar de pé e a caminhar sem apoio. É como se pulasse etapas do desenvolvimento. Com isso, ela gasta menos energia e aprende a andar de forma errada, nas pontas dos pés, com as pernas semiflexionadas, o que pode levar a atrofia de grupos musculares  e encurtamento de tendões”, ressalta.

Outro dano seria ao desenvolvimento neurológico. "A criança perde um pouco da percepção visual no andador. O que atrapalha o desenvolvimento", conta Eliane. Segundo ela, o hospital não recebeu muitos casos graves de prejuízos causados pelo equipamento. Mas, ela ressalta que quando se trata de criança, a prevenção é sempre a melhor saída. " O nosso lema é: acidentes são evitáveis, fique por perto! Infelizmente, temos a cultura de que acidentes são fatalidades", completa.

Em Belo Horizonte, o último caso de acidente grave com o andador foi em 2012, que levou a morte de um criança de 8 meses, na região do Barreiro.  A criança teria caído na escada de sua casa. "Imagina uma criança sadia morrer por causa de um equipamento. Isso é um alerta! Uma morte só que seja já é um prejuízo incalculável", enfatiza a presidente do departamento de segurança da SBP.

Conforme a lei sancionada nesta terça-feira, a capital mineira deverá estabelecer, por meio de decreto, as regras para a fiscalização em escolas e creches.  " Demos mais um passo sem andador", conclui a médica Marislaine Lumena.

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