Uso de máscara pode reduzir a gravidade da Covid em infectados, revela estudo

Anderson Rocha
@rochaandis
13/09/2020 às 10:31.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:31
 (August de Richelieu/Pexels)

(August de Richelieu/Pexels)

O uso de máscara facial pode reduzir a gravidade da Covid-19 e garantir que grande parte de novos infectados seja assintomáticos. Essa é a hipótese levantada por um artigo produzido na Inglaterra e traduzido por estudantes da Faculdade de Medicina da UFMG.

De acordo com a publicação, o controle da pandemia não ocorrerá apenas pela redução da transmissão do vírus, como também pela diminuição na gravidade dos casos que forem transmitidos.

Pela teoria dos pesquisadores Monica Gandhi e George W. Rutherford, ao utilizar máscaras faciais, que filtram gotículas contendo partículas virais, a pessoa recebe menos carga do coronavírus e, consequentemente, se for contaminada, terá doença assintomática ou mais leve. Isso geraria imunidade e retardaria a disseminação do vírus enquanto se aguarda a vacina.

A teoria é baseada na variolização, técnica que era praticada antes do surgimento da vacina contra varíola. Ela consistia em introduzir material retirado da vesícula de uma pessoa com varíola em uma pessoa saudável, com a intenção de causar uma infecção leve e, por consequência, o alcance da imunidade.

Na variolização, a patogênese viral (forma como um agente ataca um organismo e esse reage) é de que a gravidade da doença é proporcional à 'quantidade' de vírus contraído.

"Em infecções virais nas quais a resposta imune do hospedeiro desempenha um papel predominante na patogênese viral, como SARS-CoV-2, altas doses de inóculo viral podem sobrecarregar e desregular as defesas imunes natas, aumentando a gravidade da doença", aponta o artigo.

A hipótese de que as máscaras podem reduzir a gravidade da Covid-19 e garantir que uma maior proporção das novas infecções seja assintomática teve resultados promissores em uma pesquisa do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos.

O estudo mostrou que, enquanto a taxa de infecção assintomática com o vírus foi estimada em 40% em julho, o mesmo índice ficou acima de 80% em ambientes com uso de máscara facial.

"Países que se adaptaram ao uso de máscara facial para toda a população se saíram melhor em termos de taxas de casos graves e óbitos por Covid, o que, em ambientes com testes limitados, sugere uma mudança de infecções sintomáticas para assintomáticas", relatou o texto.

Por fim, o artigo deixa claro que são necessários mais estudos, tanto para testar a hipótese de que o uso de máscara facial é uma das estratégias de redução da gravidade da Covid-19, quanto da teoria da variolização.

O artigo original foi publicado no The New England Journal of Medicine (veja aqui). A tradução é assinada pelos alunos da UFMG Anderson Masciel, Julia Sampaio e Maria Clara Scarabelli.

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