Vacinação infantil em atraso cria risco a mais na volta às aulas presenciais em Minas

Luiz Augusto Barros
@luizaugbarros
18/07/2021 às 23:24.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:26
 (Marcelo Camargo / Agência Brasil)

(Marcelo Camargo / Agência Brasil)

Nenhuma das vacinas administradas em crianças e adolescentes em Minas atingiu as coberturas preconizadas. As metas variam de 90% a 95%, mas há casos que nem a metade do público-alvo recebeu a dose. Algumas doenças podem desencadear sequelas e até matar. Além disso, a baixa imunização é mais um risco aos jovens em meio à ampliação das aulas presenciais. 

O fenômeno, porém, não é novidade. Desde 2019 o Brasil está em estado de alerta em relação à queda na adesão às doses contra meningite, poliomielite, hepatite e pelo menos outras oito enfermidades. Com a pandemia, a situação ficou ainda pior. Por conta da Covid-19, muita gente deixou de levar os filhos nos postos.

Além disso, com o sucesso das campanhas no passado, muitas doenças não são “mais vistas”. Assim, os pais da “nova geração” acabam tendo menos cuidado em manter em dia o cartão de vacina. 

“Os que são jovens não conviveram com essas doenças, então acabam relaxando mais”, avaliou a médica Jandira Campos Lemos, diretora da Sociedade Brasileira de Imunização em Minas (SBim-MG).

A especialista lembra que uma pessoa pode desenvolver a doença, até a forma grave, com qualquer idade caso não tenha recebido o imunizante nos primeiros anos de vida. Por isso, ela aconselha procurar um posto de saúde para atualizar o cartão. Outro risco é adoecer em um momento no qual o sistema de saúde está com ocupação elevada. 

Por conta da circulação do coronavírus, Belo Horizonte, por exemplo, criou espaços exclusivos para imunizar a população contra a Covid. “As salas de vacinação o coronavírus são diferentes das de rotina. O grande risco é o retorno das doenças”, completou.

Aulas e ações

Alunos do 1º ao 5º ano da rede estadual já retornaram às atividades presenciais. Estudantes do 9º ano do ensino fundamental e 3º ano do médio também já voltaram em cidades nas ondas verde e amarela do Minas Consciente. Na capital, os colégios podem receber crianças de até 12 anos. A expectativa é ampliar para o ensino médio, caso os indicadores permitam, ainda em agosto.

Com a ampliação do ensino presencial, crescem também os riscos aos não vacinados. Em Minas, o governo afirma que diversas ações são desenvolvidas para chamar a atenção das famílias. As campanhas de conscientização acontecem, principalmente, através das redes sociais da Secretaria de Estado de Saúde (SES). “Algumas pessoas acham que essas doenças não têm risco de voltar. Isso é um erro”, afirmou a coordenadora Estadual de Imunização, Josianne Dias Gusmão.
 
A gestora disse, ainda, que o objetivo é evitar, após a pandemia, o surto de enfermidades que já contam com formas de prevenção. “Estamos realizando reuniões com as referências técnicas em imunização das Unidades Regionais de Saúde, onde frisamos a importância da manutenção do cartão de vacinas”.

Cobertura vacinal até junho:

BCG: 65,37%
Febre Amarela: 65,7%
Hepatite A: 63%
Meningocócica (1ª dose): 65,36%
Meningocócica (2ª dose): 60,98%
Pentavalente: 63,78%
DTP* (1ª dose): 60,29%
DTP (2ª dose): 55,46%
Pneumocócica (1ª dose): 63,89%
Pneumocócica (2ª dose): 61,9%
Poliomielite (1ª dose) 62,29%
Poliomielite (2ª dose) 54,27% 
Poliomielite (3ª dose) 49,48%
Rotavírus: 60,83%
Tríplice viral (1ª dose): 70,71
Tríplice viral (2ª dose): 54,15%
Varicela: 63,07%

(*) difteria, tétano e coqueluche

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